O ano termina aqui

O ano termina aqui

Caros amigos:
Quase a terminar o ano de 2016 quero dar nota do meu apreço por todos aqueles que de uma forma de ou de outra apoiam o meu trabalho enquanto fotógrafo: seja criticando de forma construtiva, seja ajudando na realização de eventos, divulgando e adquirindo algumas das coisas que vou fazendo enquanto fotógrafo. Estas aquisições são uma importante contribuição para continuar a desenvolver trabalho, porque ajudam a amortizar os investimentos que vou fazendo. Não há lucro. Há vontade, paixão e muito trabalho.
O ano termina aquiEm 2016 editei duas novas zines “EVERYTHING IS NOT” e O ano termina aqui alegoria do inferno zineAlegoria do Inferno”. Considerem oferecer alguma pelo Natal ou até na Páscoa… Algumas das minhas zines estão quase esgotadas e a a 7ª Feira do Livro de Fotografia de Lisboa – Lisbon’s Photobook Fair deste ano ajudou nesse capitulo.
A zine da série Space 3 está quase esgotada. Fotografias desta série receberam uma Menção Honrosa no Concurso de Fotografia do Barreiro 2017. Não sendo um primeiro prémio, é mais um indicio que nos diz que, possivelmente, estamos no caminho da luz! A exposição com os 10 melhores trabalhos a concurso está por lá! A zine da série AUSÊNCIAS está quase esgotada também
A propósito, estive no Barreiro no dia 27 de novembro numa conversa muito interessante sobre o ensino da fotografia em Portugal, como moderador, por ausência da Susana Paiva (uma mentora e referência para mim). Estiveram representados na conversa o IADE, a APAF, a AR.CO, o IPT, o MEF e o CENJOR.
Tenho grandes expectativas para 2017. Mas isso fica, por ora, no segredo do deuses.
Sejam felizes.
O ano termina aqui.

As Cidades o Homem

As Cidades o Homem

Chegados quase ao fim do mês de Maria venho aqui dar-vos nota de que o meu próximo trabalho fotográfico, tendo como pano de fundo AS CIDADES O HOMEM, tem especial enfoque nas problemáticas da condição existencial pós-moderna, caraterizada pelo primado do consumo e do homo consumens, produto do capitalismo tardio ou neocapitalismo. Consumo que se identifica com o poder e a felicidade, e sustenta a autoridade da mercadoria como elemento de dominação da sociedade, num mundo movido pelas aparências e pela voracidade permanente de factos, notícias e produtos.
O projeto é, como sempre, uma reflexão sobre questões que me preocupam e sobre as quais pretendo comunicar alguma coisa, tomar posição.
É um trabalho de apropriação, sobre cujas imagens estão neste momento em edição. Provisoriamente tem por titulo EVERYTHING IS NOT. Uma das imagens da série fica aqui como antecipação.
As Cidades o Homem O projeto será apresentado sob a forma de “work in progress” apenas a convidados (darei noticia antes) no próximo mês de junho, uma vez que a sua apresentação formal apenas terá lugar no dia 30 de Outubro, entre as 16h30 e as 19h30, nas instalações do Palácio Pancas Palha, em Lisboa.

Entretanto, os projetos de 2015 que foram editados em fotozine, ZEMRUDE, SPACE3 e AUSÊNCIAS, depois de esgotado o stock inicial, estão de volta com a possibilidade de fazerem o download gratuito de uma fotografia de cada uma das séries. No caso de estarem interessados em alguma das zines/fotos cliquem AQUI, sff. A aquisição das zines ajuda-me a financiar novos projetos. Fica aqui um profundo agradecimento a todos os que têm adquirido exemplares das ditas.
Saudações fotográficas.

Território e Imaginação

Território e Imaginação

Desde julho que não vos dava notícias sobre a fotografia que vou fazendo. Por isso aqui estou.

2015 foi para mim, que não faço fotografia a tempo inteiro, o ano do espaço, do território e dos lugares e não-lugares. Melhor, território e imaginação. A matéria foi uma das vertentes de estudo do curso deste ano da Escola Informal de Fotografia-EIF. Suspeito que 2016 não será substancialmente diferente.

Quando falamos de espaço e/ou território pode, cada uma de nós, estar a referir-se a realidades bem distintas. Não vos quero apoquentar com assuntos que porventura não vos interessem (mas são livres de passar à frente), mas tenho que dizer-vos que quando se parte para um trabalho fotográfico de autor há que suportá-lo num conceito, uma forma de ver e dar a ver, entre outras coisas. A construção do conceito, partindo da ideia inicial, determina a pesquisa e estudo a realizar antes da execução do trabalho.

Numa fase embrionária fui compilando textos, cuja leitura depois fui aprofundando em função dos meus interesses na preparação do(s) discurso(s) fotográfico(s) a que me propus.

Estes foram alguns pontos de partida para o Território e Imaginação:

  • “O espaço é a acumulação desigual dos tempos.” MILTON SANTOS, 1988.
  • “O território é o chão e mais a população, isto é uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre as quais ele influí. Quando se fala em território deve-se, pois, desde logo, entender que está falando em território usado, utilizado por uma população.” MILTON SANTOS, 2003.
  • “De acordo com RAFFESTIN (1993), o território é uma construção conceitual a partir da noção de espaço. Com isso esse autor pretende fazer uma distinção entre algo já “dado”, o espaço – na condição de matéria prima natural e um produto resultante da moldagem pela ação social dessa base – e o território – um construto, passível de “uma formalização e/ou quantificação”. Assim, “a produção de um espaço, o terrritório nacional, espaço físico, balizado, modificado, transformado pelas redes, circuitos e fluxos que aí se instalam: rodovias, canais, estradas de ferro, circuitos comerciais e bancários, auto-estradas, e rotas aéreas, etc.”, (LEFEBVRE, 1978, p. 259 apud RAFFESTIN, 1993, p. 143), por exemplo, se constitui em um complexo jurídico-sócio-econômico, modelado em uma multiplicidade de paisagens, exibindo feições características. O território é, assim, a base física de sustentação locacional e ecológica, juridicamente institucionalizado do Estado Nacional. Contém os objetos espaciais, naturais e/ou construídos, na condição de instrumentos exossomáticos, para (re)produção de uma identidade étnico-sócio-cultural.” CARLOS SANTOS in REVISTA ZONA DE IMPACTO. ISSN 1982-9108, VOL. 13, Setembro/Dezembro, ANO 11, 2009.
  • “…do território não escapa nada, todas as pessoas estão nele, todas as empresas, não importa o tamanho, estão nele, todas as instituições também, então o território é um lugar privilegiado para interpretar o país.” MILTON SANTOS, 1998.
  • “Para Soja (1971, p. 19), no âmbito da conotação política da organização do espaço pelo homem, a territorialidade pode ser vista como “um fenômeno comportamental associado com a organização do espaço em esferas de influência ou de territórios claramente demarcados, considerados distintos e exclusivos, ao menos parcialmente, por seus ocupantes ou por agentes outros que assim os definam.” CARLOS SANTOS in REVISTA ZONA DE IMPACTO. ISSN 1982-9108, VOL. 13, Setembro/Dezembro, ANO 11, 2009.
  • “Os não-lugares representam de certo modo as transformações que estão a ocorrer na sociedade moderna e que se materializam no território e das quais ninguém se parece aperceber. Todos nós, ou muitos de nós, beneficiamos com a construção destes novos espaços que nos permitem “fazer mais coisas em menos tempo”: auto-estradas, hipermercados, centros comerciais, caixas multibanco, etc. É a estes espaços, que nos facilitam a circulação, o consumo e a comunicação que Marc Augé chama “não-lugares”, em oposição aos “lugares antropológicos” que privilegiam as dimensões identitárias, históricas e relacionais (Augé, 2006). 
  • O não-lugar surge numa sociedade globalizada e é de certo modo o resultado da mobilidade dos indivíduos, dos objectos, e das ideias. Mas esta, tem características diferentes da mobilidade da cidade industrial, trata-se cada vez mais de uma dupla mobilidade: a do desenvolvimento tecnológico que permitiu “encurtar as distâncias” através dos meios de transporte (avião, metropolitano, automóvel); e a que surge com as Novas Tecnologias da Informação (NTI), que tornando-nos possível percorrer o espaço através de alguns sentidos (olhar, ouvir), nos permitem viver cada vez mais num espaço virtual sem sairmos do lugar que ocupamos.
    O lugar antropológico é o oposto dos não-lugares que encarnam de certo modo a ideia de cidade associada à mobilidade, viagem e anonimato.
    “Correspondem a uma relação forte entre o espaço e o social, que caracteriza as sociedades arcaicas, e são portadores de três dimensões: são identitários, históricos e relacionais. Estes lugares acompanham a modernidade, mas com as recentes transformações da sociedade eles vão-se perdendo, desaparecendo, e sendo substituídos por outros a que MA (Marc Augé) vai chamar não-lugares.” TERESA SÁ, EM LUGARES E NÃO-LUGARES EM MARC AUGÉ, 2006, 180.
  • “A época atual será talvez, sobretudo, a época do espaço. Nós estamos na época do simultâneo, nós estamos na época da justaposição, na época do próximo e do distante, do lado a lado, do disperso. Nós estamos em um momento no qual o mundo se faz sentir, creio eu, menos como uma grande vida que se desenvolverá através dos tempos do que como uma rede que liga pontos e que entrecruza seus laços” (FOUCAULT, M. “DES ESPACES AUTRES”. In: Dits e Écrits, tome 2: 1976-1988. Paris: Gallimard, 2001. pp.1571-1581.)

Depois de ter realizado “ZEMRUDE”, uma série fotográfica sobre uma das cidades invisíveis de Italo Calvino, interessou-me a construção dos espaços (imaginários) e a discussão em torno dos “não-lugares” de Marc Augé. Na construção dos espaços (imaginários) de “SPACE 3” foi fundamental a leitura de Foucault e de David Harvey. Na estruturação de “AUSÊNCIAS” foi essencial Marc Augé.
De “ZEMRUDE” já vos falei aqui e há ainda alguns exemplares da fotozine regular à venda, na loja. Novos são os trabalhos “SPACE 3” e “AUSÊNCIAS”.

SPACE 3” é um território de imaginação geográfica e fotográfica. Recorre em certa medida ao conceito de heteropias usado por David Harvey ao referir-se aos espaços heterotópicos. É um “trompe-l’oeil” que nos obriga a refletir nas possibilidades dos espaços. Um terceiro espaço com origem numa espécie de engarrafamento do tempo, que decorreu entre tomadas de vista dos espaços que, apesar de geograficamente localizáveis, nunca são os mesmos porque também os eventos que ali têm em lugar, os significados que se lhes atribuem, as ideias e ideais que lhe subjazem não são os mesmos. A primeira tomada de vista data de entre 50 a 100 anos atrás.
Interessou-me, ao debruçar-me sobre a questão do território, a construção de – parafraseando Foucault – “espaços outros”, através de uma espécie de arqueologia da imagem. O passado dos espaços sempre me interessou, nomeadamente e neste caso, para me ajudar a criar outros espaços, cuja existência se resume à superfície bidimensional do papel fotográfico. Espaços imaginários.
A série “SPACE 3” podem ser vista AQUI. Da série está já ao alcance dos interessados uma fotozine.

AUSÊNCIAS” discorre sobre o Homem na sua condição de animal social, ser de afetos, e os relacionamentos que opera com a comunidade em que se insere e com os espaços que ocupa. É uma metáfora que dá expressão à omissão da criação de laços identitários e relacionais entre os humanos e entre estes e o território em que se movimentam, indiferenciados e despersonalizados.
Imagens (aparentemente) vazias que consubstanciam também um discurso sobre as possibilidades da fotografia. Uma fotografia de aparências, que discursa sobre a verdade através da mentira ficcionada das imagens. A série tem também uma fotozine, que vais estar disponível na loja para aquisição, dentro de um ou dois dias.

No próximo dia 7 estarei em Coimbra a apresentar estes trabalhos, na Casa da Esquina e falar sobre Território e Imaginação.

Ficam convidados, esperando que estes trabalhos despertem algo em vós.

Até logo.

ZEMRUDE Edição Regular

ZEMRUDE Edição Regular

Já se encontra disponível para venda a brochura de ZEMRUDE, uma cidade imaginária. O livro de edição limitada esgotou e já não há qualquer exemplar para venda.
A brochura tem uma edição de 10 (dez) exemplares, com 17 fotografias e tem o custo de 7 euros . Além das fotografias a publicação contém um mapa da cidade!!!
Os interessados podem adquirir a brochura na loja do site. zemrude_regular
Obrigado.

Ficha Técnica:
título | zemrude
autor | arlindo pinto
dimensões | 18×13 (horizontal)
número de páginas | 24
capa e miolo | papel couche
editor | do autor
edição | 10 exemplares
pvp | 7 euros

Take My Body este Natal

Take My Body este Natal

Take My Body

Encontra-se já no mercado, “Take My Body”, um fotozine editado pela Hugglybooks em papel reciclado de 150g, com algumas das imagens que constituem a série realizada em 2013. A edição é limitada a 50 exemplares, numerados e assinados pelo autor, 20 dos quais em edição de colecionador. Esta é acompanhada de uma imagem (que não consta do fotozine) impressa em papel Hahnemuhle Photo Rag de 308g.
A publicação está à venda na Mercearia de Arte, em Coimbra e pode, também ser adquirido clicando na imagem ao lado, com oferta dos portes de correio (Portugal continental).
Podem também adquirir o fotozine no Photobook Club Lisboa, que se realiza todas as primeiras sextas-feiras de cada mês, na Cowork Lisboa, Rua Rodrigues Faria 103, LxFactory – Edifício I – 4º Andar, Lisboa, com desconto de 10% na edição de colecionador.
Um abraço e até sempre.

Ficha Técnica:
título | take my body
autor | arlindo pinto
dimensão | 23×31 cm
número de páginas | 26
editor | Hugglybooks black scrapbook editions
pvp | 25 euros edição de colecionador | 10 euros edição regular
edição limitada a 50 exemplares | numerados e assinados pelo autor
ISBN | 978-989-98696-3-9

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Lançamento de Take My Body

Lançamento de  Take My Body

Capa de Take My Body
Capa de Take My Body

Em 2013 produzi uma série fotográfica dedicada, designadamente, opinião minha, à desconstrução do nu masculino e à forma como este é, em regra, apresentado na fotografia, seja ela clássica ou contemporânea (e não vamos discutir o que é ou não é contemporâneo). Mas a linha do trabalho desenvolvido e terminado no final daquele ano, tinha outra preocupação: contribuir para a aceitação do corpo tal como ele é, discutindo e colocando em crise a ideia do modelo corporal da antiguidade greco-romana e da cultura judaico-cristã. No primeiro caso o modelo dos deuses, no segundo o modelo de Deus, encarnado em Cristo e secularizado, dir-se-ia, pela primeira vez (para evitarmos delongas) no autorretrato do pintor alemão renascentista Albrecht Dürer, datado de 1500.
A série resultou de um workshop de um ano orientado pela fotógrafa Susana Paiva.
Cito aqui retirado do “Artist Statement” da série, que designei de Take My Body (Tomai o Meu Corpo) assenta na desconstrução do modelo clássico do nu masculino, dos corpos graciosos, calvos ou imberbes. É um exercício de auto-exploração, escuro, animalesco, primário.
O homem não definido como um ser belo, refinado ou poderoso, mas resumido aos seus desejos instintivos e à necessidade humana básica de sobrevivência.
Partilha da intimidade física e exposição da obscuridade que permanece no interior do corpo.
Pretende inspirar pensamentos sobre nós mesmos e sobre a vulnerabilidade do artista relativamente a cada espetador e questionar a relação que temos com o corpo, como nos relacionamos com a nossa intimidade.
Retirar do corpo a carga emocional e estereotipada do “glamour” a que se encontra sujeito e contribuir para a aceitação do corpo masculino enquanto tal.
TOMAI O MEU CORPO pretende ir ao encontro dos humanos que se questionam sobre a beleza exterior do corpo e podem encontrar nestas imagens a aceitação do seu e das emoções que ele desperta ou que jazem no seu interior.
O trabalho colheu influências de nus de Bill Brandt e André Kertész.
Após um curso de verão no AR.CO, com o professor Sérgio Mah, sobre a concecão do livro de fotografia, surgiu o fotozine que no dia 1 de Novembro apresentarei em Coimbra na Mercearia de Arte Alves & Silvestre e que traz ao formato impresso algumas das imagens que constituem a série. A edição de colecionador é acompanhada de uma fotografia extra fotozine, impressa em papel Fine Art Hahnemuhle Photo Rag de 308g com as medidas 297x210mm, numa edição da Hugglybooks.

lançamento de take my body

 

O Lançamento de Take My Body está inserido na 2ª Feira do Livro de Autor, organizado pela Mercearia de Arte Alves & Silvestre, pelo Photobook Club Coimbra e pelo THE PORTFOLIO PROJECT, em Coimbra.
Se passarem por Coimbra nesse dia, às 20h estaremos todos na mercearia.
Um abraço.

título | take my body
autor | arlindo pinto
dimensão | 23×31 cm
número de páginas | 26
editor | Hugglybooks black scrapbook editions
pvp | 25 euros edição de colecionador | 10 euros edição regular
edição limitada a 50 exemplares | numerados e assinados pelo autor
ISBN | 978-989-98696-3-9

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