Ser Ainda O Outro

SER AINDA O OUTRO

Ser Ainda o Outro 
Se eu me sentasse comigo próprio fazendo de outro, que resposta daria à pergunta, “quem sou seu?”
A imagem que de mim devolve o espelho, essa atulhada de medos, fantasmas, sonhos e alegrias aqui e ali trocadas por tristezas e dores infinitas de existências divergentes, é apenas uma ficção efémera de outros tantos eus que sou e outros que desejo ser. Quando o espelho se quebra, como Pessoa, “em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim”, imagens esparsas do eu.
Sou uno e fragmentado. Eu e o outro que se esconde. E ainda outrém. Uma alma, que desperta, se atormenta com o não ser os eus sonhados. Esquecido, regresso sempre ao que julgo que sou e o espelho me devolve.
“Ser Ainda o Outro” é a vontade de ir além do espelho, de confrontar a imagem especular, a própria definição do eu, e entender que a identidade não é apenas o que sou, mas também, aquilo que deixei de ser e o que não sou. É uma discussão interior, um teste de autoconhecimento, com disponibilidade para perceber que o passado não se muda e que para evoluir e ser quem sou, tenho que abrir mão de parte de mim para salvar o todo e me construir a cada momento, sonhando até ser um outro talvez inatingível.
As imagens não contemplam futuro, apenas o hoje das experiências a que as memórias e os projetos de ser outrora concebidos me trouxeram. Mas é nelas que assenta o devir de um outro eu. Um novo projeto de ser, um sonho e é o sonho que me mantém acordado e vigilante.

©2018

Today Is A Long Time

Today Is A Long Time

Today Is A Long Time cartaz Today Is A Long Time é um projeto editorial da editora “The Unknown Books” e é o meu mais recente livro fotográfico.
Sem vos querer maçar fica uma pequena sinopse abaixo.
Fica o convite para se juntarem à celebração.
Lá vos espero, dia 18, às 18.30.

*

«O Tempo não é apenas um caminho mais ou menos célere para o ocaso. É testemunha que há de ser chamada a depor sobre a teia de existências a cujo nascimento e constância assistiu indiferente. Alguém irá questioná-lo: se estava efetivamente lá, se tudo se passou assim, se aqueles entes se amavam efetivamente e se o seu dia a dia era de ternuras indizíveis. E se o sol brilhava mais quando a criança olhava o horizonte, tentando adivinhar o futuro, maravilhado com o que via.
O Tempo há de ser perguntado porque guardou para sempre na invisibilidade dos seus aposentos a memória de tudo o que existiu e há de responder com um leve sorriso:
– Por dever. Pela obrigação de ser Tempo. Para recordar ao outrora infante, que aqueles entes e aquele lugar continuam com ele até que ele próprio se torne memória e dele serão para lá desse epílogo. Para o recordar que lhes deve a sua generosidade e o seu afeto.
E o Tempo diz-se eterno, longo, severo e, no entanto, contraditoriamente curto.
“Today Is A Long Time” é “…um poético relato de imortalidade e humanidade… Um secreto murmúrio partilhado, sobre as múltiplas formas como a morte nos toca e esculpe.” *
Um divida saldada, um obrigado sentido. Um revisitar do lugar das memórias que ajudaram a construir o infante e a encontrar na ruína física aquilo que permanece, o que o Tempo, muito tempo, construiu.
As imagens são apenas lembrança, o que escondem é o que existe.»

*do texto introdutório de Susana Paiva

sonhando versos e sorrindo em itálico

sonhando versos e sorrindo em itálico

[PT]
O regresso regular às paisagens da infância é memória e contemplação. Percorrer distâncias apenas para alijar a carga das fórmulas da vivência citadina, vestida a preceito e organizada no caos da hipocrisia das narrativas infalivelmente corretas.
É uma transitória e triunfante liberdade de devaneio errático, imaginando e esquecendo as coisas que ficaram para trás e que deixei com desapego. Regresso para rever a cópia restaurada de um filme estreado há décadas, povoado de imagens que há muito se fixaram na memória.
Observando o tempo, sonho os versos em película e, nos breves instantes que a luz me concede, imortalizo o princípio daquela vida e permaneço indolente: “sonhando versos e sorrindo em itálico” como no poema de Álvaro de Campos.

 

[EN]
“dreaming verses and smiling in italics”
The systematic return to childhood landscapes is memory and contemplation. To go through distances just to shed the burden of the formulas of city living, properly dressed and organized in the chaos of its hypocritical and infallibly correct narratives.
It’s a triumphant and transitory liberty of erratic wandering, imagining and forgetting things left behind, that I detachedly abandoned.
I come back to rewatch a restored copy of a film that premiered decades ago, populated with images that are long rooted in the memory.
Observing time, I dream the verses on film and, within the brief moments that light concedes me, I immortalize the principle of that living, and I keep indolent: “dreaming verses and smiling in italics”, as in the poem by Álvaro de Campos.

©2017

 

ZEMRUDE Edição Regular

ZEMRUDE Edição Regular

Já se encontra disponível para venda a brochura de ZEMRUDE, uma cidade imaginária. O livro de edição limitada esgotou e já não há qualquer exemplar para venda.
A brochura tem uma edição de 10 (dez) exemplares, com 17 fotografias e tem o custo de 7 euros . Além das fotografias a publicação contém um mapa da cidade!!!
Os interessados podem adquirir a brochura na loja do site. zemrude_regular
Obrigado.

Ficha Técnica:
título | zemrude
autor | arlindo pinto
dimensões | 18×13 (horizontal)
número de páginas | 24
capa e miolo | papel couche
editor | do autor
edição | 10 exemplares
pvp | 7 euros

PHOTOBOOK Club Witkin e eu

Será um PHOTOBOOK Club Witkin e eu

PHOTOBOOK Club Witkin e eu 4.04.2014

A próxima sessão do PHOTOBOOK Club Lisboa terá lugar no próximo dia 4 de abril, entre as 19h e as 20h30, na CoworkLisboa,  LX Factory ( Evento no Facebook).

Desta vez está em cima da mesa, o livro editado em 2012 em França pela Delpire sobre a obra de Witkin, com o titulo de “Witkin“.  Além das fotografias publicadas, há detalhes, páginas de desenhos, esboços preparatórios e um texto, Crazy about Christ, de por Eugenia Parry, que tem como objetivo dar pistas, se não diretrizes para o trabalho do autor. Em 2013 foi editado An Objective Eye, um novo filme/documentário sobre Witkin. Vale a pena ver. Para os interessados aqui fica o trailer:

Em cima da mesa estará também o meu projeto “Take My Body” , que há tempos atrás aqui divulguei.  Serão apresentadas fotografias inéditas do projeto e o “livro objeto” criado para apresentação do trabalho em dezembro de 2013.

A missão do Photobook Club é promover o livro de fotografia enquanto forma particular de discurso fotográfico, convidando fotógrafos, galeristas e editores a apresentar os seus livros de eleição.
O PhotoBook Club Lisboa é uma organização conjunta do THE PORTFOLIO PROJECT, da IMAGERIE e do COWORKLISBOA, dinamizado localmente por mim próprio e pelos fotógrafos  Magda Fernandes, Mário Pires, Susana Paiva e pelo designer Fernando Mendes, tendo como objetivos a promoção, reflexão e discussão em torno do livro de fotografia.

Todos os meses o PHOTOBOOK Club Lisboa elege um livro de fotografia que apresenta publicamente, numa sessão de entrada livre e gratuita nas instalações do COWORKLISBOA, na LX Factory.

As sessões tem lugar na 1ª sexta-feira de cada mês, entre as 19h e as 20h30, entrada livre.

COWORK LISBOA | Rua Rodrigues Faria, 103, LX Factory, 1300-501 Lisboa, Portugal.

O projeto Take My Body

O projeto TAKE MY BODY

o projeto take my bodyEm 2013 estive envolvido num workshop de fotografia subordinado ao tema : “O que farei com esta imagem?”. O projeto inicial passava por desenvolver uma ideia que não teve condições para tanto.
Depois, aquele que foi apresentado e disso aqui demos conta, como o projeto “TheNakedHairyPhotographer” transformou-se n’ o projeto Take My Body, uma visão descomplexada do corpo humano e da relação que temos com o mesmo.
As fotografias que compõem o projeto estão já online aqui: https://arlindopinto.com/fine-art/take-my-body/

Desde “arrojado” e “belo” a “dialeto incompreensível”, o projeto  já recebeu alguns epítetos “interessantes”. Uns fundamentados outros nem tanto (e por isso sem validade).
As imagens foram divulgadas em primeira mão pela rede StudioVox de Los Angeles, EUA e posteriormente através do The Portfolio Project, no mês da fotografia em Sofia, Bulgária.
São agora divulgadas aqui.
Tenham um bom 2014.
Um abraço!

Take My Body

TAKE MY BODY

Take My Body assenta na desconstrução do modelo clássico do nu masculino, dos corpos graciosos, calvos ou imberbes. É um exercício de auto-exploração, escuro, animalesco, primário. O homem não definido como um ser belo, refinado ou poderoso, mas resumido aos seus desejos instintivos e à necessidade humana básica de sobrevivência.
Partilha da intimidade física e exposição da obscuridade que permanece no interior do corpo.
Pretende inspirar pensamentos sobre nós mesmos e sobre a vulnerabilidade do artista relativamente a cada espectador e questionar a relação que temos com o corpo, como nos relacionamos com a nossa intimidade.
Almeja retirar do corpo a carga emocional e estereotipada do “glamour” a que se encontra sujeito e contribuir para a aceitação do corpo masculino enquanto tal.
Take My Body pretende ir ao encontro dos humanos que se questionam sobre a beleza exterior do corpo e podem encontrar nestas imagens a aceitação do seu e das emoções que ele desperta ou que jazem no seu interior.

© 2013