Vivam, Ratos!

Originally posted 2018-02-27 03:34:31.

Vão longe os anos do Rock Rendez-Vous. Quem se lembra dele? Muitos, por certo. Por ali passaram muitos nomes importantes da cena musical portuguesa e estrangeira. Saudoso lugar, onde pela primeira vez vi e ouvi os Mata-Ratos. Na altura o tema, muito apropriado para certas famílias, “A minha sogra é um boi”, era o maior hit da banda de Miguel Newton, que a EMI soube aproveitar ao editar o primeiro longa duração da banda. Desde este primeiro registo “oficial”, que a banda nunca mais integrou uma “major label”. Têm andado por sua conta e risco em editoras “menores”, independentes, mas com muita garra naquilo que fazem, tal qual os Ratos que já perfizeram mais de 20 anos “on the road” e têm por cá e lá fora uma aguerrida e vasta legião de fãs.
Sou, naturalmente, possuidor de vários registos dos Mata-Ratos, incluindo gravações ao vivo no Rock Rendez-Vous, nunca, segundo julgo saber, editadas em vinil ou CD.
No dia 15 de Julho decorreu em Corroios, que começa a tornar-se a capital do punk e do metal (a malta daquela banda é danada), o Festival «Hey Ho… Let`s Go Summer Festival». O Cameraman Metálico desafiou-me a ir fotografar o lendário Marky Ramone, que aparecerá por aqui mais adiante, e eu lá fui pela Hard’n’Heavy, um magazine on-line dedicado ao que o seu nome indica. Actuavam também grupos portugueses: Capitão Fantasma, Mata-Ratos, Decreto 77, Grankapo e Bless The Oggs.
Vindo do norte a caminho do sul dispus-me a ir até lá. Após os preliminares da confirmação da acreditação, entrei no recinto. A “fauna” presente era característica: pircings, tatuagem, cabaças rapadas, outras de crista eriçada, botas Doc. Martens, as miúdas com “pinturas de guerra”, olhos encovados e brilhantes, t-shirts alusivas a grupos ou movimentos punk e claro está aos Ramones. Dentro do cine-teatro estava um calor insuportável, que entre actuações, obrigava a abnegada organização a abrir todas as portas para arrefecer o ambiente escaldante que se vivia lá dentro.
Tenho quase por certo que já não via os Mata-Ratos ao vivo há cerca de 20 anos!… Que vergonha! Bom, seja como for, valeu a pena. O grupo fez-se ouvir percorrendo os hits maiores da sua carreira e eu lá fui disparando à procura da melhor expressão do Miguel e actuais companheiros de estrada. A multidão acompanhava e o Miguel, como é seu hábito, não se fazia rogado e passava o microfone aos da primeira fila para se juntarem naquela furiosa combinação de música, suor e cerveja.
Alheia às nódoas negras, a populaça acotovelava-se, rodopiando em ébrias voltas e saltos de gestos desconcertados, descansando apenas entre músicas, ganhando alento para nova sinfonia de excessos comportamentais. É assim, o rock.
Do momento, por aqui ficam meia dúzia de fotos, da centena e meia que repousará, até ver, no meu arquivo pessoal, para sempre lembrar que estes ratos não podem morrer.
“Long live rock’n’roll!”

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