Quis o destino que um dia eu e o António nos cruzássemos…

Quis o destino que um dia eu e o António nos cruzássemos…
Originally posted 2015-02-04 00:17:55.
Originally posted 2015-02-04 00:17:54.
O fim de semana passado foi curtíssimo. Apesar de ter tido dois dias como todos os outros fins de semana, foi muito condensado! O fim de semana só teve sábado, o qual começou às 17 horas e terminou às 7 horas do dia seguinte, já com a cabeça um pouco pesada, direi mesmo meio… coiso! Não façam perguntas que eu não respondo… por mim!
Bom, adiante.
O último dos artigos publicados aqui na casa intitula-se “Estou em conflito”. Presumo que tivessem cogitado estar abasurdido com aquelas duas rodas que giram em sentido contrário, enquanto balançam o corpo como que possuídos por autismo.
Pois é, nem sempre aquilo que sai, entra convenientemente no intelecto dos leitores (os dois ou três que por aqui passam ao engano), porque mal explicado.
Ora o conflito estava relacionado com a ocorrência de acontecimentos importantes em simultâneo, pelo que não tendo eu, como o todo poderoso, o dom da ubiquidade, tinha que me decidir entre estar nuns e faltar a outros daqueles eventos. Senão vejamos:
A coisa não estava fácil…
Tudo acabou por acontecer da seguinte forma:
Às 17 horas (quem diz 17 diz 18.30), fui até à Carbono fazer reportagem! Algo que agora então vos reporto.
Chegado à loja às 17 horas, bem 17.10, já pequenos e graúdos se amontoavam dentro e fora da Carbono para colherem o seu tão apetecido autógrafo, de uma das bandas do dark metal (ou o que quiserem) que tem levado o nome de Portugal por esse mundo fora e que em breve irá estar em digressão pelos EUA (sim aqueles onde o cowboy mandava), De tudo havia para autografar: discos, posters, livros, guitarras, flyers, desenhos, qualquer coisa onde se pudesse escrever.
E pronto, lá fui fazendo uns bonecos aguardando para o final que a banda me autografasse o seu último registo “Night Eternal” e posasse comigo para o Luís nos fazer um retrato.
Estava assim, cumprida uma parte do dia, que ia ser longo, muito longo.
Havia agora que decidir entre ir ver e fotografar o concerto dos MOONSPELL e ir a Negrais jantar e assistir e fotografar. Também, o “Negrais Fest”.
Às vezes é necessário tomar decisões difíceis, que podem alterar para sempre o rumo da nossa existência. Consultados os oráculos domésticos decidiu a malta que queria leitão em Negrais e uma coisa mais leve para a digestão, do que os MOONSPELL. E pronto, Negrais com eles todos.
O que se passou em Negrais será tema do próximo artigo. É que ainda não tirei a mochila do equipamento do veículo automóvel, pelo que ainda nem vi o resultado de uma noite de fotografias, onde, aliás, encontrei o Fábio Teixeira, grande e jovem fotógrafo da nossa praça.
See ya!
Originally posted 2015-02-04 00:17:50.
Para os que duvidaram que este vosso amigo fosse ao festival de Paredes de Coura ver os Eagles of Death Metal e outros tantos, como Cramps e Bauhaus, aqui fica a prova de que, sim, ele esteve lá.Agora descubram-no!
Originally posted 2015-02-04 00:17:47.
Centenário do nascimento do pedagogo portuense assinala-se hoje com programa para todo o ano Controvérsia em redor da obra mantém-se, mas é consensual a atitude visionária e anti-institucionalista.
O centenário do nascimento de Agostinho da Silva – celebrado hoje com um programa que se prolonga ao longo de todo o ano revela que a sua figura continua controversa e enigmática, mesmo para os que o conheceram. Nem a designação “filósofo” é consensual.
“Conheci-o e apreciei-o, embora sempre muito intrigado com a sua figura misteriosa, mas foi talvez a pessoa mais extraordinária com que alguma vez me deparei – não era parecido com ninguém excepto com ele próprio”, declarou Eduardo Lourenço, que esteve com Agostinho da Silva em 1958 no Brasil, onde este se exilara. O encontro deu-se no Estado de Santa Catarina, “onde ele era uma espécie de secretário da Cultura”, acrescentou o filósofo e ensaísta, recordando as circunstâncias que conduziram o pedagogo ao exílio voluntário. “A determinada altura da vida intelectual portuguesa, os funcionários públicos tinham de assinar uma declaração em como não eram comunistas e Agostinho da Silva, embora não o fosse, recusou, por considerar um atentado à sua liberdade”.
“A sua linha de pensamento é difícil de enquadrar”, continua Eduardo Lourenço. “Não se pode dizer que tenha sido um conservador, nem um revolucionário ou um anarquista místico, pois ele era um misto de tudo, um ser muito contraditório”.
O professor de Filosofia Nuno Nabais sublinha que “não existe um ‘pensamento Agostinho da Silva’, na medida em que não há uma tese original sua, uma reflexão sobre os grandes temas, como o belo, o bom, o Homem”, mas antes “um estilo desassossegado, contrário à canonização do pensamento” e “uma raiva aos cânones e às instituições”.
“Parasitagem académica”
“Agostinho da Silva sentir-se-ia triste ao ver que existe uma parasitagem em torno do que escreveu e que, no meio académico, há pessoas a fazer doutoramentos sobre reflexões suas que não são filosóficas nem têm densidade teórica para ser objecto de teses, como ele próprio reconhecia” – acrescenta Nuno Nabais.
Mas a reflexão de Agostinho da Silva em torno de diversos temas é encarada de forma diferente pelo escritor Baptista-Bastos, que apresenta as suas obras como “livros de clarificação do pensamento filosófico. Ele escreveu sobre quase tudo o que diz respeito à criatividade e à criação humanas numa linguagem descodificada e singela sem ser simplista e esta é a sua maior grandeza”, destacou.
Para Baptista-Bastos, o filósofo “representa hoje aquilo que sempre representou na revista Seara Nova – uma dose de utopia, quimera e esperança nas infinitas possibilidades do Homem”.
Pensamento visionário
O escritor e jornalista Fernando Dacosta – que descreveu Agostinho da Silva como “possuidor de uma grande lucidez, alguém que não dizia uma frase gratuita” – reforça a ideia de que “foi um ser que veio de um tempo muito à frente e cuja capacidade de antecipar problemas actuais fascinou uns e desconfortou outros”.
“Há 20 anos, disse-me que viríamos a assistir a um fenómeno de globalização, à explosão do desemprego e ao fanatismo religioso”, recordou o escritor, que vê nele “a figura mais brilhante da segunda metade do século XX”.
A veia profética agostiniana não impressiona, todavia, Nuno Nabais, que prefere destacar “o que de mais bonito ele legou, que é uma consciência amarga das asfixias que definem a vida comunitária e cultural portuguesa”.
“Na verdade, Agostinho da Silva construiu um conjunto de mitos sobre Portugal e ele próprio – figura maltratada no país – ao tornar a sua amargura em algo positivo. Confirmou o mito de que os portugueses têm a capacidade de transformar as desgraças em virtudes”. A verdade é que classificar as reflexões de Agostinho da Silva parece ser tão difícil quanto definir a sua personalidade.
* Agência Lusa
Originally posted 2015-02-04 00:17:46.
Ora a propósito da arte, também o nosso Pessoa se pronunciou. Só não sei se foi em dia de se passear sóbrio pelo Chiado, ou alcoolizado pelo Martinho da Arcada. Seja como for, aqui fica o que ele e as suas multiplas personalidades sobre a matéria disseram:
A obra de arte é um pensamento tornado vida
A arte baseia-se na vida, porém não como matéria mas como forma. Sendo a arte um produto directo do pensamento, é do pensamento que se serve como matéria; a forma vai buscá-la à vida. A obra de arte é um pensamento tornado vida: um desejo realizado de si-mesmo. Como realizado tem que usar a forma da vida, que é essencialmente a realização; como realizado em si-mesmo tem que tirar de si a matéria em que realiza.
in “Ricardo Reis”
O Objectivo da Arte não é ser Moral nem Imoral
A arte não tem, para o artista, fim social. Tem, sim, um destino social, mas o artista nunca sabe qual ele é, porque a Natureza o oculta no labirinto dos seus desígnios. Eu explico melhor. O artista deve escrever, pintar, esculpir, sem olhar a outra coisa que ao que escreve, pinta, ou esculpe. Deve escrever sem olhar para fora de si. Por isso a arte, não deve ser, propositadamente, moral nem imoral. É tão vergonhoso fazer arte moral como fazer arte imoral. Ambas as [coisas] implicam que o artista desceu a preocupar-se com a gente de lá fora. Tão inferior é, neste ponto, um seminário católico como um triste Wilde ou d’Annunzio, sempre com a preocupação de irritar a plateia. Irritar é um modo de agradar. Todas as criaturas que gostam de mulheres sabem isso, e eu também sei.
in «Orpheu»
O Objectivo da Arte não é Ser Compreensível
Toda a arte é expressão de qualquer fenómeno psíquico. A arte, portanto, consiste na adequação, tão exacta quanto caiba na competência artística do fautor, da expressão à coisa que quer exprimir. De onde se deduz que todos os estilos são admissíveis, e que não há estilo simples nem complexo, nem estilo estranho nem vulgar.
Há ideias vulgares e ideias elevadas, há sensações simples e sensações complexas; e há criaturas que só têm ideias vulgares, e criaturas que muitas vezes têm ideias elevadas. Conforme a ideia, o estilo, a expressão. Não há para a arte critério exterior. O fim da arte não é ser compreensível, porque a arte não é a propaganda política ou imoral.
in «Orpheu»
A Arte Nasce Sempre de Alguma Paixão
Para que a arte possa ser arte, não se lhe exige uma sinceridade absoluta, mas algum tipo de sinceridade. Um homem pode escrever um bom soneto de amor sob duas condições – porque está consumido pelo amor, ou porque está consumido pela arte. Tem de ser sincero no amor ou na arte; não pode ser ilustre em nenhum deles, ou seja no que for, de outro modo. Pode arder por dentro, sem pensar no soneto que está a escrever; pode arder por fora, sem pensar no amor que está a imaginar. Mas tem de estar a arder algures. De contrário, não conseguirá transcender a sua inferioridade humana.
in “Heróstato”
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