Epístola dum fotógrafo aos leitores

Originally posted 2015-02-04 00:13:49.

VALIENT THORR + MEN EATER + SEXTY SEXERS + DOLLAR LAMA, Musicbox 02.07.2009

Irmãos:
Num mundo conturbado como o nosso é, em que as ofertas são tantas e variadas, é cada vez mais difícil saber ou não, o que é bom para qualquer criatura ou mesmo para a tosse. Assim é que devemos provar de tudo que nos retire a dor e devolva a consciente insanidade que tanto nos satisfaz.
De que material é feito o Rock’n’Roll? Quem o concebeu talhou-o mesmo na pedra, ainda que rolante? O que nos dizem os clássicos sobre a controversa matéria que me atrevi a lume aqui trazer? Qual matéria? E quando o deus do Rock’n’Roll criou o primeiro rocker o que lhe disse? Um somente “vai e multiplica-te”? Como poderia ele multiplicar-se sozinho?
Tantas as interrogações que me assolam neste momento, que me sinto a alucinar sem que tivesse tocado numa aspirina sequer. Um turbilhão de ideias, de respostas ou becos sem saída, quelhos negros rodeados de fantasmas. Fantasmas a demandarem exorcismo de um mestre qualquer do terror vádio. Vadio como o Rock, que palminha tantos lugares, de cá e de lá do universo, este universo inconstante por onde deambulo erraticamente, rezando ao meu deus. Ao deus que Deus me deu para enxugar as minhas lágrimas, abraçar, como a uma linha de cocaína, vicio inalterável que me consome e enlouquece. Ao deus que me arrasta para as catedrais das multidões, que frenéticas se esgotam em estertores de vida infinita noite adentro, sem curar de horas e trabalhos.
Dos confins da galáxia chegam aqueles que pregam a palavra do meu deus, párocos sem paróquia, com bíblias a tiracolo das quais retiram a palavra, as preces que ficamos a saber de cor.
O Rock multiplicou-se como um vírus. Sem fêmea, sem remorso, sem nada, apenas a palavra e o som, o suor e o álcool, a critica social e o desprezo pelas regras.
O Rock’n’Roll esteve no Musicbox. Deuses de Vénus pregaram como nunca se tinha visto, salvo há dois anos no Paradise Garage. VALIENT THORR rules!
E depois os acólitos, mas antes no alinhamento, os SEXTY SEXTERS, filhos de um deus maior, aprendizes com energia suficiente para alimentar Marte durante um ano, com a sua colónia penal de evadidos da terra, planeta destruído.
Do planeta terra onde fica Portugal vieram à altura do acontecimento: DOLLAR LLAMA e MEN EATER.
A loucura beata da adoração aos nossos deuses encheu o Musicbox…

O Santo Graal!

Originally posted 2015-02-04 00:13:47.

Go Graal Blues Band - The fault is her own Talvez existam os milagres! Pessoalmente, no caso concreto, poderia até dizer que não acredito neles, mas que eles acontecem, lá isso acontecem! Muitas vezes andam até de braço dado com as desgraças. Senão atente-se: a escravatura, facto lamentável, associado à também, bastas vezes, não menos lamentável história da América do Norte, destilou, sobretudo após a guerra civil americana (esta será mote para audições futuras), o milagre dos “blues”, o vocabulário básico do “rock”. Aqui está a prova que era necessária para confirmar a ocorrência de milagres e a sua ligação inevitável às maiores desgraças da humanidade. Por exemplo, a Virgem apareceu aos pastorinhos, quando no país se vivia, ao que sei, uma desgraça ainda maior do que a actual… A confirmar esta mesma desgraça, está outro facto histórico: o de que as novas tendências, seja em que domínio fôr, chegam ao nosso jardim à beira mar plantado (votado à extinção segundo as últimas previsões da UE, no que toca à emissão de poluentes) cerca de 20 anos depois do facto Continue reading “O Santo Graal!”

Os Lábios

OS LÁBIOS no São Jorge

OS LÁBIOS começam a rodar depois de terem deixado atrás de si um rasto de brilho como THE PROFILERS. Ainda não há disco novo. Ou melhor disco de OS LÁBIOS não há mesmo. Só quem tem assistido aos “live gigs” tem tido o privilégio de ouvir os novos temas e alguns outros vestidos de lavado. Da forma como eu vejo a coisa, os concertos são uma boa oportunidade para vender discos ou então só para aguçar o apetite.

25 anos ao xuto e ao pontapé!

Originally posted 2015-02-04 00:13:39.

Xutos & Pontapés - O Homem do LemeFicar mais velho resulta da inexorável passagem dos anos. Anos que trazem em anexo aniversários e celebrações pelo prazer de estar vivo, ter amigos, ter família, ter algo em que se apoiar nas horas más. Na passagem de mais um por estes lados muitas foram as mensagens de apoio e de felicitações e também os presentes. Ofertas sentidas que revelam amizade ou sentimentos mais profundos. De entre elas constou esta edição especial do concerto comemorativo dos 25 anos de Xutos & Pontapés “on the road”, no Pavilhão Atlântico. Para lá de ser efectivamente um repositório de 25 anos de carreira, tem, para mim, um sabor especial por conter temas dos primórdios da sua carreira. Temas que ouvi repetidas vezes durante os anos 80, ou no saudoso “Rock Rendez Vous” ou nos espectáculos que religiosamente, eu e o “F” presenciávamos onde quer que houvesse Xutos. Também porque durante os tempos de estudante universitário, eu e o “F” os entrevistámos na defunta Rádio Universidade Tejo, do Instituto Superior Técnico. E, já agora, também porque tiveram a simpatia de ilustrar a sua página na Internet, na secção relativa à “Três Desejos Tour”, com uma fotografia minha tirada no concerto do ano passado na Festa do Avante.
Esta é uma perspectiva mais ou menos saudosista da coisa, o que, só por si, não é bom e pode turvar a análise objectiva da obra e do seu mérito. Quanto a isso dir-se-á que se trata de um registo que, não revelando músicos excepcionais, revela a maturidade de um grupo que soube manter-se coeso ao longo dos anos e, neste momento, demonstra grande profissionalismo, algo em que, no inicio da sua carreira, nenhum deles pensava seriamente, digo eu. Para os que são fãs está lá tudo para recordar. Para os que só agora os possam vir a descobrir, está lá tudo para isso mesmo: descobrir!
Para ouvir em volume 10!

O vício não mata, dá vida!

Originally posted 2015-02-04 00:13:16.

THE VICIOUS FIVE NA ZDB

Num dos artigos anteriores fizemos referência ao concerto dos The Vipers, que rodaram pelo país fazendo a primeira parte dos portugueses The Vicious Five. Hoje, ontem really, foi dia de colocar na Galeria as fotos da segunda parte desse mesmo concerto. The Vicious Five são, com um disco editado, uma referência no Punk/Garage/Whatever da cena músical portuguesa.
São viciados num som forte, voz bem gritada e guitarras à descrição. Dêem um ouvido aos rapazes porque merecem. Além do mais são uns tipos porreiros e divertidos.
Continuamos, por aqui, na senda da fotografia, mas quem sabe um dia destes têm uma surpresa!
Cliquem na imagem para ver mais fotos do concerto.

O motel de Oeiras

Originally posted 2015-02-04 00:13:13.

motels_-_the_motels_Porque hoje é Sábado, há muitos seres humanos que tomam o seu banho semanal, porque não podem fazê-lo mais vezes ou porque, podendo, receiam danos maiores do que os benefícios para a pele e para o seu odor característico.
Não vou discutir este problema que em certos círculos é tema amiudado de conversa, até porque existem situações diversas, que não cabem nas duas das já enunciadas categorias: há, p. ex., o banho, alternado com o gel ou água fixante, um dia um, outro dia outro.
O que eu sei é que há um motel em Oeiras. E que Oeiras me traz à memória o tempo de estudante liceal e o final dos gloriosos (ou não) anos 70. Mas melhor do que isso, a fuga às aulas para relaxantes banhos de mar e sol a rodos, ouvindo “The Motels”. É, contudo, bom afirmar que estas ausências não eram planeadas, não havia uma estratégia de fuga ao ensino e dedicação à vadiice. Estávamos ainda longe das aulas de Direito e Gestão. Porque a ideia surgia do nada, da necessidade de extravasar energia, de dar braçadas e ir ver as miúdas, a ausência de trajes de banho apropriados era colmatada pela roupa interior do dia…
O que inicialmente havia sido considerado pela comunidade estudantil em fuga, uma óptima ideia, acabava por vezes terminando num coçar envergonhado dos testículos devido ao salitre acumulado nas cuecas do dia! O mar de Oeiras não era um mar de rosas. Lamentámos sempre a incompreensível atitude dos elementos femininos, que raramente acompanhavam a dita comunidade de gandulos, em tomar banho fazendo uso somente da roupa interior ou sem ela. Espero sinceramente que hoje estejam arrependidas que vivam atormentadas por não o terem feito.
Acho que muitos de nós estavam na idade do armário e longe de sabermos que um dia uns morreriam cedo com doenças fatídicas, ou que ingressariam nas fileiras do exército