Regresso ao passado

Originally posted 2015-02-04 00:18:34.

Por aqui o calor é insuportável. Há muito que não se via uma coisa assim. As temperaturas aproximam-se dos 40 graus e apenas a noite traz uns desagradáveis 30 graus. Dormir torna-se tarefa difícil. A noite é uma espécie de sonho húmido, devido ao suor que percorre o corpo lerdo no leito descoberto. Ainda assim férias são férias…
Amanhã actuam os DELFINS aqui no burgo. São as festas da cidade, momento alto de um Agosto tórrido e povoado de indivíduos que falam francês entrecortado por algum português e tradução de palavras que só o hábito nos faz entender. Bá lá (Voilá em francês)!
As atracções turísticas são fracas por aqui. As noites resumem-se a um constante exercício de levantar e baixar garrafas de mini até às 4 da manhã.
Contudo, aqui bem perto, numa freguesia de Vila Nova de Foz-Côa (a das gravuras) existem pontos de interesse que atraem nacionais e estrangeiros.
Freixo de Numão, resultado do esforço e carolice de alguns amigos da terra, tem uma associação (www.acdr-freixo.pt) que se dedica com fervor à arqueologia, que aproveita eficazmente as verbas comunitárias e que tem para quem quiser ver, o Museu Da Casa Grande, o Complexo Arqueológico Do Prazo, a Vila Romana Do Zimbro II e outras relíquias do passado, como Rumansil I.
Um exemplo a seguir e um trabalho a louvar.
Bom isto tudo para vos dizer que, naturalmente fui ver o museu, um extraordinário “depósito” de arqueologia e etnologia, com vestígios de ruínas romanas, medievais e modernas. O PRAZO é um complexo arqueológico constituído por uma Villae rústica, com três ocupações (séc. I/II d.C., segunda metade do séc. III d.C. e séc. IV d.C.). RUMANSIL foi ocupado entre a segunda metade do séc. III d.C. até ao séc. V d.C.
Depois da visita ao Museu fiquei curioso com o PRAZO e propus-me ir tirar lá umas fotos para vos mostrar. Desloquei-me ali dois dias seguidos para retratar com a luz da tarde e a luz da hora da canícula! Significa isto que entre anteontem e ontem, dia de uma belíssima temperatura, deixei nos montes do PRAZO e RUMANSIL uns bons litros de suor. Sozinho pisando o pó dos caminhos que me levavam ao passado. Arfando, sequioso (inteligentemente nem uma garrafa de água levei), ofegava enquanto subia ao cimo de uma rocha ou descia para verificar um melhor ângulo. Enfim, aventuras de Verão. Tenho por Freixo de Numão um carinho especial: passei lá 12 anos da minha infância, por isso… estas incursões são uma espécie de regresso ao meu passado pré-histórico…
Quando passarem por aqui não se esqueçam e façam uma visita à associação que tem viagens guiadas até aos locais de maior interesse.
Para já fiquem com as fotos.
See Ya!