XV Festival de Música Moderna de Corroios Sessão IV

Originally posted 2018-02-21 01:53:35.

UANINAUEI – IBRIDA + DAPUNKSPORTIF

Boa noite!
Não ‘tou com pachorra!
Tenho andado numa azáfama muito grande, pronto.
Tenho até de quando em vez pensado como é que aqueles da EDP e da PT ganham aqueles milhões todos só por respirarem. Confesso que até fico com inveja, mas acima de tudo fico estúpido. Fico até e também, com a sensação que o governo do nosso país é um bocadinho néscio. Revolta-se-me a figadeira toda, ainda que se possa tratar de uma pequena isca. Pergunto-me como é que os tais 10 milhões (também não passamos disto), se deixam assim sodomizar em silêncio, sem rebentarem com absolutamente nada, atidos aos sindicatos com maior descrédito na praça do que os taxistas do aeroporto. Pois sim, somos ainda de brandos costumes. O vovô Salazar deixou escola: tudo caladinho, que nós não somos de arruaças, qu’é lá isso. Então agora a classe trabalhadora, a que desconta, ia dizer que não (com convicção) e exigir que todos pagassem impostos, que não fossem insultados quando lhes esfregam na probóscide os milhões dos gestores que, coitados, até ganham menos 35% do que os seus congéneres europeus. Aperta-se-me o coração de saber isto. Sabê-los assim, na mais clara miséria, impossibilitados de comprar um Rolls Royce ou até um miserável Lexus. Coitados, coitados. Por mim estou disposto a fazer um espectáculo de beneficência em prol destes deserdados da sorte.
Olhem, podia ter-se aproveitado a sessão de sábado passado em Corroios, no Festival de Musica Moderna, para começar. Bom também não íamos muito longe no apoio àqueles desgraçados. Não estava muita gente para ouvir os UANINAUEI, alentejanos dos quatro costados, os IBRIDA e os convidados DAPUNKSPORTIF. Estavam para ouvir mas não ouviram! Não ouviram os IBRIDA que à última hora se devem ter desentendido ou perdido na estrada de Braga até Corroios e ficaram, por aí, na Mealhada comendo do belo leitão.
Assim, os UANINAUEI (digam em inglês que é mais fácil) tiveram direito à sua parte de concorrentes e, para encher chouriços, mais um bocado de palco para entreter a malta, enquanto não chegava a hora dos DAPUNKSPORTIF. Os …EI portaram-se muito bem e outra coisa não se esperava dos DAPUNK que palmo a palmo vão fazendo a sua carreira, cultivando um estatuto de banda “pró” e impondo o seu extraordinário som. Sou fã!
Das sessões em que estive no festival, fiquei contudo com a sensação que o este ano a chama é ténue e reina um certo descuido. Aliás, quem estava mais atento percebeu perfeitamente que durante a actuação dos DAPUNK houve falhas técnicas da responsabilidade do festival. Os Músicos falavam entre si e pouco se afastavam das suas marcações, sinal de falta de monitorização no palco. Algo que só um técnico atento poderia, eventualmente, corrigir. Não foi o caso. Apesar de tudo a imagem do Festival está este ano melhor do que em qualquer dos outros. Contradições! Mas como viver é estar em contradição…
No final ficaram as fotos e o som, ainda assim, para quem ouviu, com nota positiva.
Cliquem nas fotos para verem o que se passou por lá.
See ya!

XIV CORROIOS II+III

Originally posted 2015-02-04 00:18:08.

Money Makers + Puny + Os Golpes + The Scart + Iconoclasts + Os Pontos Negros

Sábado passado o Festival de Corroios regressou à casa mãe – Ginásio Clube – local onde se reuniu a nova geração de aventureiros portugueses, os que gostam de conhecer a boa música nacional que se tem feito nos últimos tempos. Agora que os Descobrimentos e as Naus, são apenas uma miragem, ainda há quem goste de vestir as cores da bandeira – “Não entendo porque a maior parte das bandas não canta em português!”- exclamou um dos habituais seguidores do Festival de Corroios de apenas 23 anos.

Money Makers embora oriundos de Cascais mais parecia que vinham de Las Vegas; vestidos a rigor, fato completo com a lapela dourada e um chapéu a combinar. Aliás bastou vê-los entrar no ginásio ao longo da tarde – com uma considerável parafernália de fatos e instrumentos – para perceber que para eles a música não é apenas fazer boas canções. Nada é ao acaso na estética, quer visual quer musical, desta banda com perfil para grandes palcos quer em Portugal ou noutra parte do mundo. Money Makers combatem a crise com uma atitude altamente profissional, aliada a um som contagiante, próprio para o Verão, ouvindo-se algures numa esplanada. Rock com trejeitos de Ska, numa actuação sem mácula. Noutras alturas acusados de querer subornar o júri, quando atiraram réplicas de moedas ao público, desta vez não houve moedas mas sim 20 minutos bem passados. Não arriscaram como aconteceu noutros concertos, preferiram deixar o sarcasmo em casa, como diz o ditado; o seguro morreu de velho!

Puny – que não poderiam ser mais diferentes dos Money Makers – chegaram de mansinho a Corroios, caminharam discretos por entre técnicos e tocaram com a roupa de viagem. Pela pacatez estaríamos longe de imaginar o barulho que apenas “três gatos pingados” conseguiam fazer. Seguindo a velha tradição do Punk, músicas curtas e directas. Guitarras lancinantes em acordes que chegaram a magoar os ouvidos dos mais sensíveis que se perguntavam “isto é que é boa música?” ou para os que fascinados não conseguiam tirar os olhos do palco – verbalizando apenas no fim da actuação – “epá estes gajos têm de voltar!”. No final das contas arriscaram como ninguém o tinha feito, encerrando com um tema exclusivamente musical – a fazer lembrar os clássicos apoteóticos de 12 minutos mas sem direito a solos masturbatórios – antes momentos espasmódicos em que Rodrigo quase cai redondo no chão embrenhado no baixo, qual Ian Curtis com um ataque epiléptico. Introvertidos do princípio ao fim numa actuação com falhas, uma espécie de diamante em estado bruto, assim é o puro rockn’roll!

Num ano em que o Festival de Corroios presta homenagem à grande família Rock Rendez-Vouz – grande pelo número mas também riqueza incalculável que constituíram para o crescimento da música moderna nacional – entram em cena os Golpes.

Se Silas (Pontos Negros) tapou os ouvidos incomodado com as loucuras experimentalistas dos Puny – que a dada altura nos transportaram a uma velha estação de comboios com as rodas a deslizarem estridentes nos carris – já com os Golpes, as manifestações foram mais positivas, não tivessem os cabeças de cartaz com um CD de estreia na forja. Os Golpes são jovens rapazes com uma maturidade desarmante. Se hoje as canções se fazem de rimas inconsequentes, estes miúdos que – por exemplo gostam do ícone da Nouvelle Vague Fraçois Truffaut – dão peso a cada palavra pois a música não é para ser feita a metro. Pela forma como se apresentam em palco, coletes e alguns folhos, chamam-nos de novos Heróis do Mar. Mas ainda ninguém se lembrou, que pelos trajes, poderiam muito bem ser os Mosqueteiros, não os três mas os quatro – Nuno, Pedro, Luís e Manuel – mais do que quererem salvar o rei como escreveu Alexandre Dumas, os Golpes salvaguardam inadvertidamente (mas nem por isso num acto menos heróico) a língua portuguesa de uma possível extinção. Já que nós por vezes a tratamos tão mal, ao menos que nos sirva de consolo o facto de “Terra” o novo disco de Mariza ser o CD mais vendido nos EUA na categoria de World Music.

O texto acabado de citar é da Cláudia Matos Silva, retirado do sitio do festival, www.festivaldecorroios.net, e reporta-se à segunda sessão do dito.
A terceira contou com os convidados , OS PONTOS NEGROS e os concorrentes THE SCART e ICONOCLASTS, amantes de carne de porco. Uns vindos de Abrantes, terra de boa palha e outros de Lisboa, terra boa não se sabe bem em quê. Os de Abrantes têm como baterista o PASSOS, ex-THE DOLL & THE PUPPETS, banda desaparecida com a viagem até terras de França da MARIA DOLLITA. É uma pena. Era uma banda com futuro, digo eu…

Nota positiva para THE SCART na sua actuação. Pena é que a sua vocalista dê a ideia de não se sentir à vontade no palco e entoar todos os temas de uma forma quase monocórdica.

O pessoal de Lisboa, leia-se INCONOCLASTS, fartou-se de saltar e berrar. Adoram carne de porco e ao que dizem tocam “Post-Pimba Agrocore Progressivo”, o que me parece muito bem. Soam leves e desenjoados, apesar da carne de porco em excesso.
Bom aqui o que interessa são as fotos do evento. Cliquem na imagem e desapareçam!

MOONSPELL na Carbono

Originally posted 2015-02-04 00:17:54.

Sessão de autógrafos dos Dark Lords nacionais

O fim de semana passado foi curtíssimo. Apesar de ter tido dois dias como todos os outros fins de semana, foi muito condensado! O fim de semana só teve sábado, o qual começou às 17 horas e terminou às 7 horas do dia seguinte, já com a cabeça um pouco pesada, direi mesmo meio… coiso! Não façam perguntas que eu não respondo… por mim!
Bom, adiante.
O último dos artigos publicados aqui na casa intitula-se “Estou em conflito”. Presumo que tivessem cogitado estar abasurdido com aquelas duas rodas que giram em sentido contrário, enquanto balançam o corpo como que possuídos por autismo.
Pois é, nem sempre aquilo que sai, entra convenientemente no intelecto dos leitores (os dois ou três que por aqui passam ao engano), porque mal explicado.
Ora o conflito estava relacionado com a ocorrência de acontecimentos importantes em simultâneo, pelo que não tendo eu, como o todo poderoso, o dom da ubiquidade, tinha que me decidir entre estar nuns e faltar a outros daqueles eventos. Senão vejamos:

  • 17 horas: sessão de autógrafos pelos MOONSPELL na discoteca Carbono, na Amadora (bom, quem diz 17 diz 18.30);
  • Concerto às 22 horas dos ditos MOONSPELL na Amadora;
  • Concertos de SEAN RILLEY AND THE SLOW RIDERS, THE PROFILERS e X-WIFE, às 22.30 em NEGRAIS terra de bom bácoro.

A coisa não estava fácil…
Tudo acabou por acontecer da seguinte forma:
Às 17 horas (quem diz 17 diz 18.30), fui até à Carbono fazer reportagem! Algo que agora então vos reporto.
Chegado à loja às 17 horas, bem 17.10, já pequenos e graúdos se amontoavam dentro e fora da Carbono para colherem o seu tão apetecido autógrafo, de uma das bandas do dark metal (ou o que quiserem) que tem levado o nome de Portugal por esse mundo fora e que em breve irá estar em digressão pelos EUA (sim aqueles onde o cowboy mandava), De tudo havia para autografar: discos, posters, livros, guitarras, flyers, desenhos, qualquer coisa onde se pudesse escrever.
E pronto, lá fui fazendo uns bonecos aguardando para o final que a banda me autografasse o seu último registo “Night Eternal” e posasse comigo para o Luís nos fazer um retrato.
Estava assim, cumprida uma parte do dia, que ia ser longo, muito longo.
Havia agora que decidir entre ir ver e fotografar o concerto dos MOONSPELL e ir a Negrais jantar e assistir e fotografar. Também, o “Negrais Fest”.
Às vezes é necessário tomar decisões difíceis, que podem alterar para sempre o rumo da nossa existência. Consultados os oráculos domésticos decidiu a malta que queria leitão em Negrais e uma coisa mais leve para a digestão, do que os MOONSPELL. E pronto, Negrais com eles todos.
O que se passou em Negrais será tema do próximo artigo. É que ainda não tirei a mochila do equipamento do veículo automóvel, pelo que ainda nem vi o resultado de uma noite de fotografias, onde, aliás, encontrei o Fábio Teixeira, grande e jovem fotógrafo da nossa praça.
See ya!

Escrava da Noite

Originally posted 2015-02-04 00:14:59.

Xeque Mate - Escrava da NoiteSou agnóstico. Acredito que não sabemos nem poderemos nunca saber se existe um Deus. Já houve quem me quisesse dissuadir deste céptico agnosticismo, mas sem sucesso: e que sim, que Deus existe e é grande. Senão como surgiu este universo multifacetado e repleto de contradições?
Está bem! Foi Deus que criou o mundo que conhecemos. Mas, quem criou Deus? Eu tendo a achar que foi o Homem! E que cada vez que oramos, os que o fazem, ajoelhados junto de um leito que um dia há-de ser de morte, qual criança pedindo ao Senhor que os monstros abandonem a escuridão do quarto, em rigor, rezamos ao Homem, solicitando para nós e para terceiros muito do que nós próprios podemos dar. Dádivas que a preguiça e descrença no próprio Homem obstaculizam. Mas, se o Homem Criou Deus, então, por entreposta pessoa, o Homem criou o mundo.
Por este e outros motivos que não vêm ao caso, evito persignar-me ou benzer-me invocando a Santíssima Trindade. Isso seria desonesto e hipócrita.
Prefiro invocar a única trindade que me concede alguma serenidade. Para lá da cervejaria propriamente dita, a invocada por um dos grupos “one hit wonder” esquecidos do “boom” do chamado “rock português”. Continue reading “Escrava da Noite”