TSUNAMIZ e PRESS PLAY @ Musicbox

Originally posted 2015-02-04 00:16:02.

TSUNAMIZ e PRESS PLAY @ Musicbox, Lisboa, 10.09.2009

Oriundos das colinas que ladeiam o Tejo, emergindo das varias tribos nómadas que aí formaram acampamento, os Tsunamiz nasceram de costas voltadas para Lisboa, para o calor e arrufo da capital. Crestados pelo sol e pelo vento, estes jovens de fecundo poder criador optaram por manobrar a máquina e a electricidade, colocando-as em rota de colisão consigo mesmas, levar os dedos gélidos, os glaciares escaparates, do culto comodista a esmagarem-se a si mesmos com o seu próprio peso.
Não há motivos para os Tsunamiz: São um reflexo natural do actual estado de sítio adormecido. Dada a escolha, não hesitariam, também eles, em baixar armas perante a vida fácil, beber a ambrósia do capitalismo e aprender a manobrar o chicote da autoflagelação popular – Para apressar a descida aos infernos do ser, derradeiro propósito do Homem do sec. XXI. Como um todo porem, existem como reacção ao culto do dogmático e da superstição, um anticorpo contra a celebração da ignorância, rumo a sua mútua destruição. Não e sequer o asco que os move, e a ininteligível química de se ser quem se é.
Os Tsunamiz são a língua de fogo que há-de lavrar os campos, soterrar de vez os túmulos dos velhos profetas e por fim as suas póstumas incursões nocturnas pelas mentes incautas, a devastação que deve preceder um Novo Nascimento. Assim o exige a inocente, risonha sinceridade da lei natural das coisas.

In Myspace da banda

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Rock, filho de Elvis

Rock, além de filho de Elvis, já defunto, era e é um filho da terra. Emigrado por alguns anos, a ela voltou saudoso, por certo, do vinho que outrora Elvis cultivara e que Rock nunca deixou de amar. Fazia, aliás, questão de viver intensamente essa paixão. Outras houvera é certo, mas manteve-se sempre celibatário. O vinho, esse, jamais o abandonou. No entanto, de quando em vez derivava para outros territórios mais etílicos até: as bebidas brancas, as cor de caramelo, as vermelhas, as verdes, etc.

Escrava da Noite

Originally posted 2015-02-04 00:14:59.

Xeque Mate - Escrava da NoiteSou agnóstico. Acredito que não sabemos nem poderemos nunca saber se existe um Deus. Já houve quem me quisesse dissuadir deste céptico agnosticismo, mas sem sucesso: e que sim, que Deus existe e é grande. Senão como surgiu este universo multifacetado e repleto de contradições?
Está bem! Foi Deus que criou o mundo que conhecemos. Mas, quem criou Deus? Eu tendo a achar que foi o Homem! E que cada vez que oramos, os que o fazem, ajoelhados junto de um leito que um dia há-de ser de morte, qual criança pedindo ao Senhor que os monstros abandonem a escuridão do quarto, em rigor, rezamos ao Homem, solicitando para nós e para terceiros muito do que nós próprios podemos dar. Dádivas que a preguiça e descrença no próprio Homem obstaculizam. Mas, se o Homem Criou Deus, então, por entreposta pessoa, o Homem criou o mundo.
Por este e outros motivos que não vêm ao caso, evito persignar-me ou benzer-me invocando a Santíssima Trindade. Isso seria desonesto e hipócrita.
Prefiro invocar a única trindade que me concede alguma serenidade. Para lá da cervejaria propriamente dita, a invocada por um dos grupos “one hit wonder” esquecidos do “boom” do chamado “rock português”. Continue reading “Escrava da Noite”

Venham Mais Cinco

Originally posted 2015-02-04 00:14:21.

Santiago Alquimista, 24.04.2010

Ainda antes da crónica do concerto dos RAMP, no dia 23 de Abril, o mês da revolução e possivelmente até da Sagrada Família, trago aqui a crónica, ou um arremedo de crónica, do que se passou no Santiago Alquimista no dia 24 de Abril, o prólogo da revolução que, infelizmente, decorridos 36 anos acabou por criar as condições, para a falta de vergonha, a usurpação, o despudor, com que a classe política e os seus acólitos detentores do respectivo cartão de militante, absorvem tudo quanto é tacho sôfregos e insaciáveis. Abril deu aos portugueses a possibilidade de lutarem contra este Estado que continua a engordar, tal como antes da Revolução dos Cravos. Há só uma diferença: ao tempo da ditadura os amamentados eram menos. Agora esta porca parida no curral das maiorias que é a democracia, dá de mamar a muitos mais, menos ao povo. Bom, mas a bem da verdade, o povo também constitui um bando de carneiros que anda ao sabor dos despropósitos dos governos. O povo não tem atitude! O povo não tem tomates! Esta é a verdade…
Ora bem sobre o Venham Mais Cinco: iniciativa promovida pelo MAR, Movimento Rock Alternativo e pelo Feedback, que teve lugar no Santiago Alquimista e visou homenagear ou celebrar os 80 anos do nascimento de Zeca Afonso e Abril.
Alinhamento de músicos e Dj’s (obrigado Eurico):
22h40 – Terno de Balas
22h50 – Cão da Morte
23h00 – Atma
23h10 – O Quarto Fantasma
23h20 – os Lábios com Miguel Ângelo
23h30 – Venham mais 5
00h10 – Acabar com o “Venham mais 5” todos no palco.
00h15 – DJSet0 – João Coração
01h00 – DJSet1 – Mau
01h45 – DJSet2 – Armés
02h30 – DJSet3 – Hélio Morais
03h15 – DJSet4 – Pedro Laginha
04h00 – fecho da casa
Para as celebrações o MAR escolheu muito apropriadamente jovens bandas nacionais, atitude consentânea com o espírito de divulgação dos novo valores que o MAR pretende levar a cabo, digo eu.
Cada uma das bandas convidadas actuou com uma versão de uma canção de Zeca Afonso. Sem peias digo desde já que a que mais me agradou foi a versão de “Vampiros” d’Os Lábios com o Miguel Ângelo. Isto sem desmerecer de qualquer dos participantes.
Mas eu fui para fotografar. E fotografei até à altura que um jovem de câmara a tiracolo se dirigiu ao microfone e disse para quem quis ouvir que os fotógrafos estavam a tapar a vista ao público e a desconcentrar os músicos!
Errado, errado, errado. Isso não se faz! Nada disso. Longe de mim pretender tapar a vista ao público e muito menos desconcentrar os jovens artistas em palco. Mas, ao que parece, tive esse condão, daí uma ou outra nota fora do sítio! Como não estava ali para impedir nem a visão do público, nem a concentração dos músicos, meti a guitarra no saco e finito, não fotografei mais. Acho de uma falta de chá e de consideração anunciar publicamente regras que não foram definidas “ab initio”. Quero eu dizer que, no inicio do espectáculo, como sempre se faz, a organização ou quem quer que seja que tenha os pergaminhos para tanto, dirige-se aos fotógrafos e diz: “só podem fotografar assim e assado, nada de cozido e guisado”. Falhou esta parte no Venham Mais Cinco.
Salvou-se a noite pelas fotos, pelas bandas (ainda que desconcentradas), pelas conversas com o Paulo dos NERVO que me ofereceu o seu excelente disco e com o Bruno Broa sobre o significado do MAR e das suas iniciativas futuras.
Já sabem: clicam no cartaz e aparecem as fotos. Espero que gostem. Se não gostarem, contratem outro.

O barrete!

Originally posted 2015-02-04 00:13:57.

Sisters of Mercy - Vision Thing Tenho, confesso, enfiado, de quando em vez, um ou outro barrete. Caído no logro. Ir ao engano. Tudo sinónimos do que ocorreu ontem no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
Por 24 € dispus-me a ir até ao mítico local, arena de muitos circos, mal sabendo eu que quase iria assistir a um destes espectáculos, pelos quais nutro alguma indiferença, para não dizer mais.
Apesar de já não gravarem desde 1990, ainda assim, esperava mais dos Sisters of Mercy, que ontem se apresentaram (ou quase) no palco do Coliseu. Explico.
Ainda o glorioso não tinha terminado o seu sofrimento por terras da Catalunha, já eu ia entrando no recinto, quando o primeiro vislumbre do palco me fez temer o pior: não vi no palanque uma bateria. Medo. E ruminei: concerto ao vivo sem bateria… Afaguei o queixo com barba de fim de dia e continuei fitando o proscénio incrédulo. Tentei, em vão, encontrar indícios de instrumento tão característico do pop/rock. Apenas uma armação metálica com pequenas luzes que cintilavam oriundas do PA. Sempre tive algum rebuço em aceitar a substituição de instrumentos básicos do rock por sintetizadores ou fitas pré-gravadas. Continue reading “O barrete!”