Alegoria do Inferno

Aleg(o)ria do In ferno

Originally posted 2011-06-22 19:18:17.

O que  interessa

neste inferno, é  valer a pena esse exorcismo de libertação.

O resto são pedaços de cinza que os desejos vão acumulando,

como brisas ainda quentes dos sonhos

 

Alegoria do InfernoPor todo o inferno do Mundo, a chama despertou a paisagem e o simbolismo do grupo posicionado junto à praia. O fogo do interior do mar. Um outro inferno, uma outra sequência. Um fotógrafo de uma família, contratado, dispara projetando para o ar a fixação do espanto. O fogo sai como um disparo. A família poderia ser morta na inércia dessa fixação. Captar infernal. Arlindo capta o momento como o momento o capta. Esse ruído silencioso de inferno/inverno projetado na fotografia. Inferno interior. O inferno de Dante por cantar. Ou por contar ou “rock in roll”  virtuoso, abrasivo de diabos á solta, do grito  da revolta, grito da revolta, nascituro vindo das entranhas.

Eis a prova fixa do fotografar infernal.

Uma grande multidão tentando abarcar o oxigénio que nos destrói e sustenta.

Andamos por aí a necessitar das cinzas depois da explosão. Combustão do bailado das labaredas. É o ruído do vulcão. Do rodopiar efémero para esse centro. O mundo contraste de termos de viver uns com os outros. No inferno da maldita fixação do olhar, na destruição para o outro lado dos frios. Infernos de labirinto do Arlindo Pinto ritmados ao compasso da feroz viagem do salve-se quem puder que o inferno se aproxima.

Há que desviar o olhar para o território desconstruído. Tudo se transforma no crepitar do som magnífico do roçar asfalto da viola pedida.

Fotografada no embaraço.

Assim se acumulam as procuras para o desencontro.

Como o INFERNO muito menos químico, mas mais abrasivo.

Centro do Sol. Como “coisa” fotografada aqui tão perto como tudo.

Ou talvez o fixar.

O fixar do Arlindo Pinto. Com miragens

Do calor…

 

Eduardo Nascimento, 2011

Chuva Assassina

Chuva assassina

Originally posted 2018-12-07 17:51:53.

Chuva assassina

Debruçado na minha varanda
Escuto o murmúrio da chuva que cai reta
Deixo a noite envolver-me e abraço-a
Como a uma amante recente
Onde tudo é volúpia e desejo incontrolado
Semicerro o olhar e engendro o devir
A paranóia doentia do dia a seguir à noite
Persisto teimosamente e com desvelo a
Existir no ânimo da escuridão
Olho o horizonte e nada alcanço que não tenha visto já
Apenas o mesmo local, agora ensopado, telúrico
Os avejões já decrépitos
Os companheiros de tantas disputas
Clamam por mim e não os escuto
O ruído não se permite esta noite
Ainda que de amigos moribundos
O compasso da chuva mantém-se e danço ao seu som
Percorro, bailarino, o salão de festas
A minha varanda e a minha chuva
Encharco os cabelos esparsos e humedeço os ossos que me doem
Um sofrimento que me arrasta para o precipício
Bailo e percebo que o fim está perto
Chuva assassina

Mensagem de Ano Novo do Administrador

Originally posted 2018-11-03 01:30:19.

Tópicos

Modelo
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1. SOBRE A CRISE
Estamos próximo do intermédio do mês de Janeiro de 2011, o ano do enceto da grande crise. A crise anunciada. Uma crise de século e não de ano. Nem financeira, nem económica, nem orçamental. Uma crise de tudo: valores, solidariedade, honestidade, profissionalismo. Quem ganha terreno é portuguesíssimo chicoespertismo e com ele a desgraça de um povo que dentro do lema “cada um que se desenrasque” podia ter um país ímpar e não tem. Porque o chicoespertismo vai contentando nuns quantos, enquanto outros menos chicoespertos ruminam no silêncio das suas omissões a sua desgraça pessoal, sem coragem para se sublevar, como carneiros que são, esperando D. Sebastião, o líder ou algo que se pareça, pois só os carneiros carecem de líderes. Cada um tem o que merece. Nós temos a nossa parte. Somos carneiros mansos, sem tomates, ovelhas balindo e ouvindo imbecis televisionados pelos canais das novelas. Se querem a minha opinião: vão-se todos fecundar!
Já não tenho paciência para aturar tanto camelo, eu que nem sequer vivo no deserto. O “deserto” de outro energúmeno. Emagreçam o Estado, façam dieta nos Institutos e Empresas Publicas, regressem às Direções-gerais. Somos portugueses porque admitimos “Boys” e “Girls”? Essas palavras nem sequer existem no nosso dicionário.

2. SOBRE A FOTOGRAFIA
Publiquei recentemente no meu sítio uma série de novas fotografias a que chamei “Alegoria do Inferno”. O meu inferno. As razões foram-vos anunciadas aquando da sua publicação. Espero poder vir a exibi-las numa galeria qualquer que nelas reconheça alguma mestria ou interesse estético.
Entretanto começo a pensar na edição de um livro sobre poesia e fotografia, tudo ao molho e fé em Deus. Claro que são tarefas hercúleas. Não estarão interessados em patrocinar? Ah, ah!
Entretanto o Circulo Artístico e Cultural Artur Bual, publicou os meus textos insanos, disponíveis aqui no Planeta, no sítio do próprio círculo, aqui.

3. SOBRE A FORMAÇÃO
Em colaboração com o dito circulo, eu e o meu amigo e colega João Vasco, vamos ministrar um curso de iniciação à fotografia. Um curso extremamente prático e dirigido a todos, demonstrativo que mesmo com uma pequena máquina compacta se pode fotografar melhor.
Por 125€ não conseguem nem maior nem melhor, isso vos digo eu! Se não estiverem interessados em inscrever-se, peço-vos o favor de divulgarem o evento.
Entretanto, em principio, a entrada aqui o Planeta dos Catos, ficará durante o resto do mês com a publicidade ao curso. Depois volta ao seu estilo magazine.

Adeus, até ao meu regresso.