OS LÁBIOS

Um consolo n’OS LÁBIOS!

Originally posted 2018-07-21 19:40:55.

Quem quiser ouvir a vida, deve fazer como os sábios: mesmo com a alma partida, ter um consolo n’OS LÁBIOS!

OS LÁBIOSRecordar-se-ão que em tempos idos uma banda de Sintra venceu o Festival de Música Moderna de Corroios. Corria o ano do Senhor de 2008 e a XII edição do dito festival.
Como o epíteto de vencedores lançaram o seu segundo disco Extended Play: “Swing”. O primeiro registo da banda datava de 2007. “Make Love Slow” (uma opinião que se respeita, mas discutível)! Os dois registos mostravam uma banda com influências diversas, destilando jazz/cabaret/bossa-nova, enganadores (pelo menos “Make Love Slow”) quanto à energia da banda. Acontece com abundância grandes discos, terem no palco o reverso, uma espécie de Lado B que desilude por não estar à altura do que se ouviu na hi-fi lá de casa. De facto, nem sempre assim é, mas com THE PROFILERS foi uma espécie de regra: a energia de palco não vinha nos discos. Foi assim que eu aprendi a gostar da banda: ao vivo. Era no palco que a banda se soltava e dava largas à sua energia, o rasgo de um vulcão que apenas OS LÁBIOS souberam ler.
Depois de vários espetáculos promovendo “Swing” e “Make Love Slow”, THE PROFILERS entraram de novo em estúdio para gravar o seu primeiro Long Play. No processo, no meio de tanto energia e ideias acumuladas e outras tantas divergências de opinião quanto ao trilho a seguir e também, por que não dizer, piscando o olho ao mercado e à pop mais atual, THE PROFILERS anunciam que emagreceram a banda e metamorfosearam-se n’OS LÁBIOS. Eu diria que se soltaram. Tratou-se de mais do que uma mudança de nome: foi uma mudança de atitude, foi o escolher de um outro caminho, refinando tudo aquilo que até aí tinha feito dos PROFILERS uma banda com uma ascensão meteórica, quase diria, enlouquecendo o seu som! Escolheram o português como língua base (não exclusiva) das suas canções e embrenharam-se num processo de gravação/transmutação, a que juntaram a produção de Miguel Ângelo (ex-DELFINS).
Em breve, 2 de maio, OS LÁBIOS farão o lançamento oficial do seu primeiro LP em Lisboa, num evento “sui generis”, original e à altura do facto. Entretanto assinaram com a Valentim de Carvalho, contrato discográfico.
O disco que se chamará “Morde-me a Alma” tem como single de apresentação “Ocupa o Teu Lugar (de olho em ti), cujo vídeo realizado por DE SOUZA, realizador, fotógrafo e colaborador habitual da banda tem estreia marcada para dia 26, no Top + da RTP 1.
A tour promocional inicia-se no próximo sábado, dia 26 de março, em Corroios, onde atuarão como banda convidada na terceira sessão da XVI edição do festival, que este ano me tem passado ao lado, por várias razões. Como costuma dizer-se “bom filho a casa torna”. OS LÁBIOS regressam metamorfoseados ao palco que os lançou na ribalta das altas luzes (sempre quis escrever este cliché).
Mas, afinal que dizer então de “Morde-me a Alma”? Não sou crítico musical, nem pretendo sê-lo, mas tenho uma opinião: “Morde-me a Alma”, só por acidente passará despercebido a quem se interessa por estas coisas da música pop, rock, ou o que quiserem chamar-lhe. Nota-se que OS LÁBIOS não renegam as suas origens, que endureceram o seu som, demonstrando influências de bandas como THE STROKES e ARCADE FIRE, p. ex. As canções soltam o pé, as letras são corrosivas. Mas o mais interessante nestes quatro rapazes e na sua vocalista é que querem ser como são e quando somos aquilo que queremos, estamos felizes e é isso que transpira do som da banda. Brilhantemente executado e irrepreensivelmente produzido, “Morde-me a Alma” é um disco de pop/rock mais profissional do que muitos que por aí correm de bandas com créditos firmados no mercado. Perde-lo seria uma estupidez, ouvi-lo um consolo.

O fim do "Thriller" e a morte da "Pantera"

Originally posted 2018-03-17 10:58:56.

Neste momento em que soube do falecimento de MICHAEL JACKSON e que vos escrevo, estou a ouvir um disco dos KNUT, um grupo da área do hardcore. Sou um amante do ruído organizado, se não lhe quiserem, por pretensiosismo, chamar “música”, mas não só. Sou, acima de tudo, um melómano. Pela hi-fi cá de casa e também do emprego, passa o punk rock, o hard rock, o heavy metal, o doom metal, o hardcore, o jazz, a fusão, a música clássica, a pop, o disco sound, a guitarra portuguesa, etc, etc, etc.
Considero-me, pois, acima de qualquer suspeita, clubismo ou radicalismo musical. Não digo que isto ou aquilo não presta ou não tem qualidade. São como se sabe conceitos em que a subjectividade é preponderante. Qual o padrão da qualidade musical? Não sei, nem quero saber, e se alguém disser que sabe, ainda que doutorado na matéria, está a mentir…
Não sou, nem pouco mais ou menos, fã de MICHAEL JACKSON, apesar de ter namorado muito ao seu som e percorrido as pista de dança ao toque de Thriller, cujo LP a que dá nome é o mais vendido de sempre, repito, de sempre, da música popular (para abranger tudo ou quase), tendo vendido, até 2006, a módica soma de 104 milhões de exemplares e que tem participações tão variadas como de PAUL MCCARTNEY e EDDIE VAN HALEN.
Foi, pois, com algum pesar que soube da morte do artista. A música popular fica mais pobre. JACKSON foi, na minha modesta opinião, durante grande parte da sua vida, uma alma perdida, insatisfeita, e mais tarde, caricata e demente.
O estrelato catapultou-o para o pântano lamacento da inveja, da hipocrisia, da falsidade e da dissimulação. Raras são as estrelas que dali saem com vida…
Quanto ao resto, do que o acusaram e não acusaram, tudo isso são histórias.
R.I.P.

Já agora que estamos numa de necrologia, um último adeus a FARRAH FAWCETT, que faleceu hoje, vitima de cancro, com 62 anos e a quem uma foto dos anos 70 valeu o titulo de “Pantera”
R.I.P.

Cuidado com o cão!

À luz escassa do monitor deste portátil e a coberto da noite, após um louco e fogoso momento de amor, veio-me novamente à ideia um dos maiores e, porventura, mais subestimado tocador de Blues do século passado: Hound Dog Taylor! E veio-me à ideia não por questões de natureza amorosa, mas porque durante o dia ouvi pela enésima vez, alguns excertos de um dos seus discos…

Demência em Cacilhas!

Originally posted 2015-02-04 00:18:23.

DEMENTED ARE GO + REAL MCKENZIES + KILLING SEYMOUR, Man’s Ruin Bar, Cacilhas

Hoje é dia de consumar mais um prometimento. Não de me arrastar até Fátima pela berma das estradas nacionais, aguentando sol ou chuva, vento ou frio. Poderia fazê-lo como prova desportiva, nunca como uma aparência de fé, que não possuo, obviamente, como, aliás, já sabem.
Um dia, escrevi aqui que sou, isso sim, um “peregrino do rock”. Não cuido que a minha fé alguma vez me leve a Fátima, lá ao santuário de todas as preces e curas milagrosas, que o avanço da medicina por vezes consegue satisfazer. A minha crença e os meus santuários são de outra ordem. A minha convicção é no homem que se atavia e nas prolificações da sua mente martirizada, pela elementar complexidade da vida.
Hodiernamente, como diria uma Colega de profissão, como outrora, a mente e o corpo carecem de libertação. Anárquica, Talvez, porque não. A liberdade dentro do espartilho da minha começa onde acaba a tua, não é mais do que um espartilho urdido pela ditadura das democracias ocidentais.
Dito isto, e porque a hora é de solene comprometimento na consumação da jura que fiz aos meus visitantes (2 ou 3, que sejam), passo a enunciar o teor da peregrinação do passado dia 2 ao Man’s Ruin Bar, em Cacilhas, Almada, mesmo em frente ao Tejo.
Por ali passaram três bandas, que começaram a animar a tarde por volta das 18.15. Melhor será dizer noite, porque as tardes agora são menores que os milagres de Fátima.
Depois de ter esperado, dormente, admirando o terminal “fluviorodoviário” de Cacilhas, em obras, lá dei por mim transpondo a entrada do Man’s Ruin, embrenhando-me na penumbra que anunciava os luso-britânicos KILLING SEYMOUR, banda convidada. Estes e os cabeças de cartaz, DEMENTED ARE GO, anunciam-se como grupos do chamado Psychobilly, se quiserem uma mistura de Rockabilly e Punk Rock. Etiquetas à parte, a sua actuação começou a aquecer os presentes que se preparavam para os MCKENZIES. Fosse como fosse, a cerveja corria e a malta começou a mexer-se.
Contudo, a noite só aqueceu verdadeiramente com os REAL MCKENZIES que se orgulham de usar os seus Kilts e permitir às miúdas dar um espreitadela para ver o material de que são feitos. São do Canadá, orgulham-se da sua herança escocesa e são a modo que uns bardos Celtas modernos, armados de guitarras, bateria e gaita-de-foles!!!
Bebem, basicamente, scotch e alguma cerveja, caldeada com fumo e a alegria de quem faz Punk Rock há alguns anos, 1995, se não me engano. Com estes a noite aqueceu efectivamente. Transpirava-se, bebia-se e o chão junto ao palco começou a ficar pegajoso, tornando-se mais difícil a locomoção para fotografar. Mas, para o fotógrafo este ainda é o menor dos males. Quem segura uma camera com flash acoplado e pesa cerca de 2 quilos, não é fácil aguentar-se ao moche dos convivas mais animados. O facto é que os MCKENZIES colocaram o sítio em alvoroço e a loucura foi-se apoderando dos presentes, que imitaram a banda e começaram a despir-se (da cintura para cima bem entendido), excepto as meninas. Nunca percebi porque não se despem também. Devem ter algo para mostrar que ninguém sabe o que é ou ninguém viu!!! Vá lá, não se envergonhem…
Depois de bastas vezes terem colocado a garrafa de scotch aos queixos os MCKENZIES terminaram em grande e lá foram rumo a Praga, próxima paragem, de gaita de baixo do braço… a de foles!
Com os DEMENTED ARE GO, a demência apoderou-se dos presentes e o estertor da morte iniciou ali um baile desenfreado de dança, moche, encontrões e sei lá que mais. O fotógrafo aguentou-se bem, mesmo quando um morto-vivo se atirou contra si, à traição, e o flash e a máquina fotográfica se separaram em dois e as baterias saltaram para cima do palco. Foi um momento de grande emoção, devo confessar, ver assim o meu material. A Nikon revelou-se de boa qualidade e o Metz, ao qual saltou a sapata, também. Peças montadas de novo e de novo fotos para o povo ver.
A festa terminou antes da meia-noite, como requer a lei do ruído. Sim, senhor primeiro-ministro.
Com os MCKENZIES e os DEMENTED até eu entrei na festa e abanei a anca, pois o som era isso que pedia.
Sem querer dar de barato a actuação dos KILLING SEYMOUR, REAL MCKENZIES e DEMENTE ARE GO, foram dois grandes espectáculos, o quem só abona a favor das bandas e do local onde tiveram lugar. Parabéns à HELL XIS AGENCY que tem trazido cá ao burgo música mais underground, para um público especifico e interessado.
As fotos ficam por aí! A música também. Explorem!