Suicídio

Originally posted 2015-02-04 00:18:26.

suicidio

Suicídio

O desespero e a solidão de
Uma vida
Sem sentido
Apenas cortada nas veias do tumulto de
Um imaginável suicídio com o seu homem
O vidro transparente é o reverso de
Um faduncho na vida que pode terminar a
Qualquer instante… como no filme da tevê gorda capitalista
Arauto da desgraça suprema da raça… meretriz raça humana
Reminiscências infantis de uma memória atualizada
A casa decrépita e as bonecas de trapo em tardes de agosto
Virginal e inevitavelmente casada
Dias de feliz aparência de felicidade “ad eternum”
(mentira, mentira, tudo mentiras)
A hora vai tardia e a cela é intolerável
As pernas inchadas pelo peso do passado
O dorso arqueado ao admirável espectro do futuro
Guinchava ruidosamente sons insuportáveis
(não te suporto, porca, não te suporto, morre, cadela)
E sentiu-se só, frágil como a alma, como o nada, o
Nada do seu homem, olhado com ternura
Morto na fatalidade de ambos serem entes num
Mundo à deriva
Suicídio e pronto

Morreu Peter Steele

Segundo noticia a Agência Globo do Brasil, “o vocalista da banda de rock Type O Negative, Peter Steele, de 48 anos, morreu na noite de quarta-feira, em Nova York. A causa, ainda não confirmada, teria sido insuficiência cardíaca.
A notícia se espalhou logo cedo nesta quinta por fãs na internet e foi confirmada pelo site oficial do grupo: “Por favor, sejam pacientes e esperem por declarações da banda e da família mais tarde. Obrigado pela compreensão e pelo apoio”.

Todos Mortos

Todos Mortos

Originally posted 2015-02-04 00:15:02.

Todos MortosRuo, construo, desconstruo, reconstruo, num ajuste curvo
de uma abóboda celeste incoerente
de um fogo efémero que arde mas não queima
como a insignificante morte dos antepassados,
depois da dor, morte e terrestres seres moídos
em impulsos incoerentes de glória falsa
efemeramente enganosa.
Proxenetas do pai no seu dia, sem genetriz nem descendente que o acoite.
Triste macaqueação e um inútil ser filho da mãe.
Aspiro a armas e canhões nunca assinalados em qualquer parte
num retângulo de homens difíceis, génios do horror nativo,
extenuados da inteligência sobredotados da depredação,
verdugos do povo madraço macambuzio prenhe de revoltas
encerradas nas paredes obscuras dos tugúrios da imigração.
Todos mortos, todos mortos… filhos da puta!

Fria caligrafia

Originally posted 2015-02-04 00:14:34.

Fria CaligrafiaFora… lá fora o vento sibilante,
o chuvisco gelado do Inverno…
O Inverno humano.
Rosto no vidro batido… rosto dilacerado.
Agora o “já” eterno…
Lá fora o Inverno.
Vago… o pensamento!
Fome do outro lado…
A força, raiva… raiva… lá fora o Inverno!
O zumbido repentinamente estatelado… o zumbido.
A voz… por terra o pedaço vivo… de humanidade morta!
A destruição quente… Quente o Inverno?
Lá fora o frio… o Inverno frio.
Fome virgem deste lado?
Abundância… fome parida!
Agora sim! A fome parida…
Gritos… gritos… tantos gritos.
O desespero solitário lido no rosto…
Rosto no vidro batido… partido!
E o Inverno cá dentro…
A pele nua… no frio.
Pesado o pedaço morto… aquele rosto no vidro antes batido.
Lágrimas pelo rosto despedaçado…
Agora é o Inverno, o pedaço gelado… tudo gelado.
A terra quente… por terra o morto… frio.
Agora o “já” eterno… a ausência do rosto no Inverno…
O Inverno no rosto!
O sentir… um sentimento ido… um pedaço…
Lá fora o vento sibilante… o Inverno… o chuvisco gelado…
… a morte!

(Meda, 1982)