Stoner ao cubo no Santiago Alquimista

Originally posted 2018-06-23 06:13:35.

DOLLAR LLAMA + MEN EATER + KARMA TO BURN no Santiago Alquimista, 22.06.2009

Ora cá estou eu, sempre atrasado em relação ao acontecimento. Mas, uma crónica é sempre um texto atrasado de um evento que o tempo devorou, ontem, há 15 dias, um mês, é indiferente. O fundamental é que a ocorrência teve lugar e alguns estiveram presentes, para dizer a outros com que olhos e com que ouvidos interpretaram os que alguns outros tinham para mostrar.
Ora eu atrevi-me a ir de olhos, ouvidos e câmara fotográfica, porque a organização teve a gentileza, sempre apreciada, de me conceder o respectivo passe. Aqui chegado só um breve parênteses, para dizer aos que não foram e que porventura, leiam estas modestas linhas, não só perderam um grande espectáculo stoner, mas ainda e gratuitamente, o disco de estreia dos DOLLAR LLAMA, “Under The Hurricane” e uma colectânea da Volcom Entertainment, com temas dos VALIENT THORR (dia 2 de Julho no Musicbox), GOONS OF DOOM, PEPPER, ASG e outros.
Abriram os DOLLAR LLAMA, com um Stoner Rock poderoso, repleto de riffs a fazer lembrar algumas bandas do sul dos Estados Unidos. O Disco de estreia tem colhido boas críticas por toda a parte e é o resultado de 7 anos a dar no ferro.
Depois dos DOLLAR, vieram os MEN EATER. Também portugueses os EATER dão-lhe mais para o Doom e promoveram o seu mais recente “Vendaval” e a onda caiu muito bem entreDOLLAR LLAMA E KARMA TO BURN. Excelente prestação digo eu que estava lá para fotografar.
Os KARMA TO BURN são uma banda do que convencionou chamar-se desert rock/rock psicadélico de Morgantown, Oeste Virginia que compreende o guitarrista William Mecum, o baixista Rich Mullins e baterista Rob Oswald. Estes dois últimos já tinham por cá passado, precisamente no Santiago Alquimista com os YEAR LONG DISASTER. Os KTB deram nas vistas como banda quase exclusivamente instrumental, obcecada, fazendo apelo aos sons de bandas com o rótulo de desert rock, tais como KYUSS ou OBSESSED, embora a banda prefira segundo afirma o género “malternative“.
A banda dispersou em meados de 2002, quando o baixista Rich Mullins se juntou aos SPEEDEALER. Actualmente, Mullins toca com os já referidos YEAR LONG DISASTER, de Los Angeles.
Oswald está com os NEBULA e Will Mecum com os TREASURE CAT.
Segundo rezam as crónicas no dia 23 de Fevereiro de 2009 os KARMA TO BURN reuniram-se novamente para uma tournée pelos Estados Unidos e Europa.
No âmbito da referida tournée passaram pelo Santiago Alquimista no dia 22 p.p. onde encantaram os presentes, poucos, verdade seja dita, o que quer dizer que quem não foi, foi quem perdeu. O mercado nacional não distribui a banda e o seu som fica quase em exclusivo para os “connaisseurs” que via Amazon, StonerRock.com ou através de downloads ilegais, conseguem adquirir os discos do grupo. Em matéria de desert rock, o mercado nacional é miserável.
Os KTB foram desenrolando a densa meada dos temas que fizeram da banda um ícone do stoner rock. Na audiência, membros dos portugueses MISS LAVA e VICIOUS FIVE, para não falar dos DOLLAR LLAMA e MEN EATER.
Pronto, chega de prosa, ficam as fotos… (cliquem nelas com força)

Epístola dum fotógrafo aos leitores

Originally posted 2015-02-04 00:13:49.

VALIENT THORR + MEN EATER + SEXTY SEXERS + DOLLAR LAMA, Musicbox 02.07.2009

Irmãos:
Num mundo conturbado como o nosso é, em que as ofertas são tantas e variadas, é cada vez mais difícil saber ou não, o que é bom para qualquer criatura ou mesmo para a tosse. Assim é que devemos provar de tudo que nos retire a dor e devolva a consciente insanidade que tanto nos satisfaz.
De que material é feito o Rock’n’Roll? Quem o concebeu talhou-o mesmo na pedra, ainda que rolante? O que nos dizem os clássicos sobre a controversa matéria que me atrevi a lume aqui trazer? Qual matéria? E quando o deus do Rock’n’Roll criou o primeiro rocker o que lhe disse? Um somente “vai e multiplica-te”? Como poderia ele multiplicar-se sozinho?
Tantas as interrogações que me assolam neste momento, que me sinto a alucinar sem que tivesse tocado numa aspirina sequer. Um turbilhão de ideias, de respostas ou becos sem saída, quelhos negros rodeados de fantasmas. Fantasmas a demandarem exorcismo de um mestre qualquer do terror vádio. Vadio como o Rock, que palminha tantos lugares, de cá e de lá do universo, este universo inconstante por onde deambulo erraticamente, rezando ao meu deus. Ao deus que Deus me deu para enxugar as minhas lágrimas, abraçar, como a uma linha de cocaína, vicio inalterável que me consome e enlouquece. Ao deus que me arrasta para as catedrais das multidões, que frenéticas se esgotam em estertores de vida infinita noite adentro, sem curar de horas e trabalhos.
Dos confins da galáxia chegam aqueles que pregam a palavra do meu deus, párocos sem paróquia, com bíblias a tiracolo das quais retiram a palavra, as preces que ficamos a saber de cor.
O Rock multiplicou-se como um vírus. Sem fêmea, sem remorso, sem nada, apenas a palavra e o som, o suor e o álcool, a critica social e o desprezo pelas regras.
O Rock’n’Roll esteve no Musicbox. Deuses de Vénus pregaram como nunca se tinha visto, salvo há dois anos no Paradise Garage. VALIENT THORR rules!
E depois os acólitos, mas antes no alinhamento, os SEXTY SEXTERS, filhos de um deus maior, aprendizes com energia suficiente para alimentar Marte durante um ano, com a sua colónia penal de evadidos da terra, planeta destruído.
Do planeta terra onde fica Portugal vieram à altura do acontecimento: DOLLAR LLAMA e MEN EATER.
A loucura beata da adoração aos nossos deuses encheu o Musicbox…