Dia de raiva!

Originally posted 2015-02-04 00:12:47.

Manifesto - Ricardo Figuinha(Atenção: no texto abaixo é usada linguagem vulgarmente reconhecida como calão e obscena. Seria socialmente correcto não o fazer. Mas eu não sou hipócrita, nem bebi chá em criança. Apenas café que me excitou suficientemente o cérebro, não só para dizer estas besteiras, mas também para saber que todos o fazem, ainda que digam que não. Fingimento inaceitável e moralmente reprovável. Se a linguagem da natureza citada o (a) choca, ou se é menor, peço-lhe encarecidamente que não leia o texto abaixo. Se o fizer e não estiver em sintonia, seja ela FM ou OM, não diga que não foi avisado(a) e enxovalhe depois o autor e o citado, fazendo comentários à impropriedade da linguagem e da falta de educação dos mesmos, correndo dessa forma o risco de estar deliberadamente, e por culpa própria, a difamar pessoas de bem, que podem perfeitamente pôr-lhe um processo em cima, ou em baixo, como mais lhes aprouver.)

Andava eu de volta da limpeza e arrumação da garagem, deitando fora vestígios do meu passado, duvidoso ou não, quando por entre um trago de gin tónico bem frio (que as limpezas requerem calma e descontracção etílicas) e um tema – The Hunter – dos Free (uma das maiores bandas rock que o planeta já conheceu), quando inopinadamente deparo com um dos livros que mais marcas deixou na minha pouco sóbria juventude. Nada menos de que o “Manifesto” de Ricardo Figuinha, uma “proposta de anarquia corporal, sem erva, sem ácido, sem nada”, algo de que considerando o conteúdo tenho sérias dúvidas, Continue reading “Dia de raiva!”

Acrítico, burro e embrutecido

Originally posted 2013-08-22 21:15:30.

“Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim”

povo unidoNão admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates…Olá! Armando Vara…), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA – mas não de construção económica – aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a “prostituir-se” na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo “normal” e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são “abafadas”, como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente “importante” estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente “importante”, jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os “senhores importantes” que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
Clara Ferreira Alves – “Expresso”

Agora pergunto eu: o povo unido em quê?

25 de Abril

Originally posted 2006-04-25 22:24:21.

POVO/MFAAlguém, algures no tempo, me ofereceu um rádio transístor vermelho, da marca National. Estimava-o. Figurava na galeria dos pouquíssimos divertimentos que a infância e pré-adolescência juntas me haviam aportado. Onda média, já se vê, mas ainda assim dava-me a possibilidade de ouvir alguma da música que na altura passava na rádio. Alguma das estações nacionais, outra da Rádio Altitude da Guarda. Não me envergonho do passado e por isso posso dizer sem rebuço que ouvia as canções do “grande” Nelson Ned, Roberto Carlos e outros que tais. Mas também dos Beatles e dos Stones.
Durante o período em que fui proprietário do pequeno transístor, tiveram lugar acontecimentos que marcaram para sempre a minha história e a história deste miserável país.
Frequentava o ciclo preparatório. Destes tempos, para lá dos personagens dos livros de língua francesa, Robert, Nicole e Patapouf, reforçados com a tele escola e aquele professor que insistentemente repisava “repetez vous”, apenas recordo o dia em que uma violenta gripe me atacou e fiquei toda a tarde tremendo ao sol da Primavera, enquanto esperava a “carreira” para casa e o dia em que no intervalo matinal de uma das aulas alguém disse: “Há uma revolução em Lisboa!” Lisboa ficava a umas boas 8 horas de caminho, por isso não havia da revolução chegar ali. Os lisboetas que se desenrascassem. A palavra “revolução” não constava do nosso vocabulário. As pequenas revoluções que a aldeia ia conhecendo resultavam, quando muito, por entre os efeitos do álcool, de umas sacholadas bem assentes no lombo, às vezes na testa, de um vizinho menos ordeiro ou como ponto final de uma rixa de taberna mal resolvida por entre os copos de três. Por isso, nem sabíamos ao certo como interpretar o facto de haver uma revolução em Lisboa. Sabíamos que não era coisa que se desse todos os dias. Continue reading “25 de Abril”

Cavaleiro sem medo e sem mácula!

Originally posted 2018-09-19 01:08:59.

Cavaleiro sem medo e sem mácula!Fernando José Salgueiro Maia, oficial de Cavalaria, passou à História como o “Cavaleiro sem medo e sem mácula” do 25 de Abril. Fez uma primeira comissão como alferes em Moçambique, numa Companhia de Comandos que veio a comandar por ferimentos do Comandante e Adjunto. Regressado a Portugal, embarcou para a Guiné em 1970, comandando uma Companhia de Cavalaria. Novamente regressado, foi colocado na EPC. Foi a partir daí que no dia 25 de Abril desta Unidade comandou uma coluna, incluindo blindados ligeiros, que ocupou o Terreiro do Paço, tendo-se aí dado o frente-a-frente com o carros de combate M-47, que teriam facilmente destruido os seus blindados; a determinação e sangue frio de Salgueiro Maia fez com que as guarnições dos carros de combate recusassem a ordem de fogo, ultrapassando-se assim um ponto crucial da Revolução. Mais tarde, dirigiu-se com a sua coluna para o Largo do Carmo, cercando o Comando Geral da GNR onde Marcello Caetano se tinha refugiado. Coube-lhe dirigir o ultimatum ao governo, tendo parlamentado com Marcello Caetano, que lhe pediu um oficial general para aceitar a rendição, tendo para isso sido chamado o general Spínola. Regressado à EPC, aparece em público apenas no 11 de Março, em que vai a Tancos esclarecer a situação e onde tem uma troca de palavras algo irreverente com o general Spínola, chefe do golpe falhado; e no verão quente de 1975, em que é um dos subscritores do Documento dos Nove. Avesso à ribaltada política, nem por isso deixou de ser alvo de ajustes de conta de uma certa hierarquia, que nunca o nomeou para lugares de destaque, do ponto de vista profissional. A sua postura determinada, combinada com o apagamento por opção, apesar de muitas solicitações a que estava sujeito, tornaram-no uma fígura de referência. Morreu, vítima de um cancro, como tenente-coronel.

Retirado da página da Associação 25 de Abril na Internet

em 17/9/2001