Punk(ada?) Rock no Lotús Bar

Originally posted 2009-08-07 15:59:27.

ENFRASCADOS + DALAI-LUME + DECRETO 77 + DWARVES

ENFRASCADOS (12)No dia 24 de Março, teve lugar no Lótus Bar em Cascais, mais um concerto demonstrativo de, que, efectivamente, 31 anos depois, o punk não morreu! Do cartaz constavam três bandas portuguesas: Enfrascados, Dalai Lume e Decreto 77. A cereja no topo do bolo era constituída pelos norte-americanos Dwarves que, depois de terem actuado em Coimbra, vieram mais a sul demonstrar a sua vitalidade e confirmar que o “Punk is not Dead”, apesar de no seu registo, datado de 2004, proclamarem que “The Dwarves Must Die”. Depois de quase 22 anos de carreira, foi a primeira vez que os “Dwarves” pisaram solo nacional e logo com uma actuação que, por certo, lhes ficará na memória.
Bom, comecemos pelo princípio, como é da praxe!
Os moços “Enfrascados” abriram a noite e, apesar de estarem no bom caminho, fiquei com a ideia de que, além de não terem feito jus ao nome, porque não estavam efectivamente, “enfrascados”, ainda têm um longo caminho a percorrer, no sentido de apurarem a sua sonoridade, apesar dos quatro rapazes de Cascais terem todos os ingredientes para singrar no meio punk nacional: atitude e vontade! Sendo filhos de Cascais e apesar do recinto estar ainda muito vazio à hora a que começaram a actuar, cerca das 22.30, sempre se foram ouvindo alguns fãs fazer coro com a banda. No final e após uns rápidos sete temas, saldou-se a sua prestação por um aceitável aquecimento, para o que havia de vir depois deste bons aprendizes de feiticeiro.
Formados em 2006, os “Dalai Lume”, têm rodado insistentemente no circuito dos concertos, o que constitui uma experiencia que lhes permite apresentar um som mais apurado e consistente, com letras corrosivas, “anti-sistema”, com uma acérrima critica social, como em “As moscas mudam” ou “Portugal”. Têm uma abnegada legião de fãs que não se coibiu de os apoiar durante a sua actuação, ao mesmo tempo que auxiliava Zorb nos refrães. 2008 poderá vir a ser um ano decisivo para os “Dalai Lume” se afirmarem definitivamente, como uma das cenas maiores no panorama do punk rock nacional.
Após um pequeno interlúdio para recompor o palco, aparecem os “Decreto 77”. Andam nesta vida de punk roqueiros desde 2003 e constituíram mais um dos ideais aperitivos que abriram as portas aos “Dwarves”, para uma noite suada e regada a preceito. A história dos “Decreto 77” está repleta de incidentes e até de um pouco de infortúnio. Não obstante, têm tido a oportunidade de tocar com bandas de várias tendências, desde o punk ao Ska passando pelo Metal. 2008 poderá também ser um ano decisivo, no sentido de incrementarem o seu exército de seguidores e cantarem mais alto a sua paixão pela liberdade e pelos princípios que advogam. Têm vindo a editar os seus temas em split-cd e o seu som é o que mais se aproxima de uma banda a quem apenas falta a sorte lançar o seu primeiro longa duração (como se dizia antigamente) em nome próprio, o que, aliás, penso que já merecem.
Depois dos cerca de 30 minutos em palco, os “Decreto 77”, fizeram as malas e juntaram-se ao público que enchia já o Lótus, aguardando que o palanque fosse colocado em ordem para receber os esperados “Dwarves”. Estes já quarentões apareceram enquanto teenagers como band punk, em Chicago, sob o nome de “The Suburban Nightmare” na segunda metade dos anos oitenta. Foram sendo conhecidos pelos seus temas, simples, ruidosos, e no entanto, repletos de nuances, tendo nos seus últimos trabalhos feito uma aproximação ao pop-funk, em detrimento do punk/hardcore original.
Umas das características das suas apresentações ao vivo é a já sua lendária agressividade em palco, protagonizando escaramuças (algumas violentas) com a audiência e até mesmo com a policia. A questão que todos se colocavam era: “Vai haver porrada?” Eu perguntava-me se “He Who Cannot Be Named” apareceria envergando a sua tanga ou todo nú! Este e Blag Dahlia têm sido ao longo dos tempos o núcleo duro do grupo que se apresentou em Cascais.
Palco devidamente arrumado, surgiu de tanga “He Who Cannot Be Named”, seguido dos restantes membros da banda que iniciaram desde logo as hostilidades. Empurrão daqui, empurrão dali, copo a mais, copo a menos, muito contacto físico entre a banda e a audiência e, a meio do segundo tema, já “He Who Cannot Be Named” tinha sido projectado para cima da bateria de Gregory Pecker!!! Quedaram-se mudos os instrumentos, ouvem-se alto os gritos e ameaças e a banda saiu do palco, coberto de cerveja! A pronta intervenção da organização ajudou a acalmar os espíritos mais inquietos e nervosos, até que depois das habituais cenas de dois ou três a agarrarem um mais furioso, as coisas acalmaram e a banda regressou, com Blag gritando: “Yeah, Rock’n’Roll”. A partir dali foi um desfilar de temas a grande velocidade, em que sempre esteve presente uma enérgica interacção entre o público e a banda, mas sem extremismos!
A actuação terminou quando “He Who Cannot Be Named”, que aqui vêem na foto à esquerda, se atirou deliberadamente para cima da bateria!!!
Para muitos ver os “Dwarves” ao vivo foi por certo o concretizar de um sonho. Para mim foi uma noite divertidíssima, repleta de energia, demonstrativa de que o punk está aí para durar.

Discografia “Dwarves”
Horror Stories LP (Voxx Records, 1986, VXS 200.037)
Toolin’ For A Warm Teabag LP (Nasty Gash Records, 1988, NG 001)
Blood Guts & Pussy LP (Sub Pop, 1990, SP 67)
Lucifer’s Crank 7″ EP (Rough Trade No.6 (Karbon), 1991, KAR 13/7)
Thank Heaven For Little Girls LP (Sub Pop, 1991, SP 126)
Sugarfix LP (Sub Pop, 1993, SP 197)
The Dwarves Are Young and Good Looking LP (Theologian Records, 1997, T53)
Free Cocaine DLP (Recess Records, 1999, RECESS #51) (singles)
Lick It DLP (Recess Records, 1999, RECESS #52)
The Dwarves Come Clean LP (Epitaph Records, 2000, 86575 1)
How To Win Friends And Influence People (Reptilian Records, 2001, REP 068)
The Dwarves Must Die (2004)
Fuck You Up And Get Live DVD (2004)
Greedy Boot 1 (2005) – só disponivel no site
FEFU DVD (2006)

Texto e Fotos: Arlindo Pinto
Fonte: www.hardheavy.com

DELFINS, Reis durante 25 anos

Originally posted 2018-06-17 04:22:21.

25 anos, 25 singles, 2 horas

DELFINS (86)Já vos tinha dito: o auge, a meu ver naturalmente, não desfazendo do PADRE VITOR e do senhor invisual que tocou depois d’OS DELFINS e do conjunto NÍVEL 6 (não sei em que escala), o ponto alto das festividades populares em honra do Senhor Bom Jesus dos Paços, que traja normalmente de roxo, iria ser actuação d’OS DELFINS. A banda de Cascais tem percorrido Portugal de lés a lés, na agradável missão de distribuir música aos fiéis, anunciando, de caminho, a sua última tournée: 25 anos, 25 singles, 2 horas de espectáculo. Foi essa a proposta para a noite de 15 de Agosto de 2009, na Meda, cidade do interior esquecido e ostracizado.O dia prometeu chuva, mas a noite aqueceu como se esperava e OS DELFINS não se fizeram rogados em contribuir para uma noite inesquecível, ali para os lados das gravuras rupestres, com muitos êxitos e o apoio de muitos fãs.
Para lá da memória do espectáculo, excelente, fica a mais longa série de fotos de um só concerto aqui no sítio: 100.
Foi uma noite divertidíssima, antes, durante e depois do concerto. Reencontrei o Luís Sampaio, com quem já não trocava palavra desde os tempos dos RADAR KADAFI e, muito provavelmente, do concerto na Aula Magna da UL com os MLER IF DADA.
Espero que gostem das fotos.
See ya!

Noticia da Lusa:
Lisboa, 18 Ago (Lusa) – Os Delfins, cujo fim de carreira está já anunciado para 31 de Dezembro, “despedem-se oficialmente de Lisboa” no dia 10 de Outubro, com um espectáculo no Coliseu dos Recreios, disse à Lusa o líder da banda, Miguel Ângelo.
“O Coliseu será a despedida oficial de Lisboa na sua mais nobre sala e há vontade de pela mesma altura fazer uma despedida no Porto, mas não temos ainda a data fechada”, adiantou o músico.
“No Coliseu dos Recreios iremos apresentar os nossos 25 singles mais populares, não de forma cronológica mas com um fio condutor que vai unir todas essas canções. Um espectáculo que, visualmente, se serve de muitas memórias da nossa carreira, mas é uma celebração daquelas canções e daqueles refrães e não uma despedida saudosista ou triste”, disse Miguel Ângelo.
“O concerto abrirá com o tema ‘Bandeira’ que é um dos mais engagés da nossa carreira e terminará com ‘Há uma razão’ do último álbum, ‘A solidão do sonhador e outros voos do grande urso branco'”, afirmou o líder da banda de Cascais.
O final dos Delfins, 25 anos após a edição do primeiro single, “Letras”, pela Fundação Atlântida, será na noite de 31 de Dezembro na baía de Cascais, “uma megaprodução com convidados especiais, e todos os cantores e músicos que já passaram pela banda”.
Este último espectáculo será gravado para DVD, adiantou Miguel Ângelo que tem projectos para seguir uma carreira a solo “depois do Verão de 2010”.
“Não vou mudar radicalmente de vida e dedicar-me à arquitectura a 100 por cento. O fim d’Os Delfins é o fim de uma marca e advém da vontade de estar na música de forma bastante presente e com o mesmo gosto e vontade que tinha há 25 anos atrás”, sublinhou o músico.
“Não vou de todo abandonar a música”, garantiu.
Referindo-se à carreira da banda que está na estrada a cumprir os últimos contratos, o músico afirmou que “actualmente há uma renovação de público, e até uma recuperação do público que se tinha perdido, designadamente a faixa inicial d’Os Delfins que é a franja universitária dos 18 aos 25 anos”.
“Os Delfins tiveram um crescimento muito grande nos primeiros dez anos e passados outros dez anos, notámos por exemplo que em 2004 os auditórios já se enchiam com duas gerações”, explicou.
“Nesta altura é um público muito ecléctico graças também à resistência das canções e dos seus refrães que marcaram a história da música portuguesa”, enfatizou.
Para Miguel Ângelo “mais do que um marca ou o grupo, o que fica para o futuro é a força das canções”.
No Coliseu dos Recreios tal como na digressão em curso, o grupo de Cascais escolheu 25 temas emblemáticos de outros tantos anos de carreira, como “Baía de Cascais”, “Sou como um rio”, “Soltem os prisioneiros”, “Nasce selvagem” ou “Aquele Inverno”.
Os Delfins anunciaram o fim do grupo no Verão de 2008, quando saiu o guitarrista Fernando Cunha.
Além de Miguel Ângelo, os actuais Delfins são Rui Fadigas, Luís Sampaio, Jorge Quadros e Mário Andrade.
NL.
Lusa/fim