Quem somos, afinal?

Originally posted 2014-02-23 19:51:51.

Na net circula um montão de lixo que nos entope as caixas de correio. Desde os pedidos de ajuda fictícios aos avisos mais imbecis. Ignora-los é a regra. Contudo, recebi hoje uma verdade absoluta, a propósito de Portugal e do ser português. E tanto assim é que não resisti a publica-la aqui no Planeta dos Catos.
Então é assim a estória:

Monumentos aos Descobrimentos
foto: autor desconhecido

Era no tempo em que, no Palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje…).
Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer “sina” nos condenava a esta permanente “décalage”. E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal “partira” bem:
– Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que “deram novos mundos ao mundo”, que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.
O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:
– Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.
– Não descendemos? – reagiu, perplexo, o jovem diplomata – Então de quem descendemos nós?
– Nós descendemos dos que ficaram por aqui…

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