Originally posted 2015-02-04 00:12:45.
Há problemas de lateralidade!
Numa escala demasiado elevada, para um país de tão reduzida dimensão populacional como o nosso.
A quem imputar a culpa de tão nefasta e severa questão nacional? Ao (des)governo total e absoluto (como se o absolutismo ainda fosse moda)? Também, mas não só!
Aos sucessivos (des)governos é claro, porque são os mestres da educação dos seus (des)governados). Aos (des)governados porque não se deixam governar. (Já dizia o outro que aqui havia um “povo que não se sabe governar nem se deixa governar”…).
Mas, novamente aos vários (des)governos porque, bem intencionados de início e enfunados de patriotismo e vontades apagadas num ápice, vão demonstrando uma ineptidão inata para conseguir erradicar o “nacional-porreirismo”, que, apesar de não ser cadeira obrigatória em nenhum nível de ensino, tem junto dos (des)governados uma taxa de sucesso acima da média europeia, arriscaria mesmo, mundial (quiçá planetária). Aliás, à semelhança da cadeira “somos todos bons rapazes”.
A introdução do ensino pré-primário não parece que vá trazer melhoras significativas, salvo se forem sendo induzidos e introduzidas elementos de desaprendizagem daquelas práticas.
Problemas de lateralidade há muitos, como os chapéus (mesmo os de Bono). Hoje discutimos apenas um deles: a estranha mania de conduzir nas estradas e vias nacionais, sempre que estas o permitam, do lado mais à esquerda e não do lado direito como ordena a nada poderosa lei. E a coisa só pode entender-se pelo lado da lateralidade, uma vez que não creio que a generalidade dos condutores (exímios) nacionais, traga consigo resquícios de hábitos de condução adquiridos em países como o Reino Unido, África do Sul ou Moçambique (se bem que seja certo que alguns têm práticas muito semelhantes à de países com um tipo de condução muito “liberal”, como a Índia).
Porquê pelo lado da lateralidade? Pergunte-se a uns quantos condutores se cumprem a regra de condução pela direita nas auto-estradas e vias rápidas e a resposta será um risonho, incisivo e largo “claro”! E, isto porque, efectivamente, na sua cabeça, tudo se processa como se assim fosse. O sistema de ensino que os formou esqueceu algo fundamental: aprender a distinguir a esquerda da direita e do centro. É, pois, natural, que, quem não conhece esta elementar distinção, circule de acordo com a posição que o condutor ocupa no veículo: a esquerda. Os que não conseguem por razões de inferior entendimento, elaborar tal raciocínio, circulam ao centro, porque bons conhecedores do ditado popular: “no meio é que está a virtude”, (penso trata-se de ditado criado nos países “não alinhados”: nem pela esquerda, nem pela direita).
Perfilam-se, contudo, no horizonte boas notícias. Irá ser implementado um sistema que tornará infalível o cumprimento das normas de circulação: a cada condutor será distribuída, ao entrar em auto-estrada ou via-rápida (mesmo que não mereça o nome) uma pedrinha (não angulosa para evitar quaisquer incómodos), que um agente da autoridade ou um elemento da concessionária do troço a percorrer, introduzirá no bolso direito de cada um dos ocupantes (o condutor só não tem o exclusivo da pedrinha, por razões de certeza e segurança: se o condutor, por qualquer motivo, deixar a pedrinha fugir-lhe do bolso, haverá sempre um ocupante que terá a sua e poderá indicar a direita ao condutor). Nos casos em que o veículo transporte única e exclusivamente o condutor (considera-se que o condutor viaja sozinho, mesmo quando transporta pessoas raptadas na mala do carro), a pedra é maior e colocada no designado “lugar do morto”, sendo o condutor advertido de que a pedra está na direita, local de circulação. Desta forma tão simples e pouco onerosa (as pedras, por razões ecológicas, são devolvidas no final do troço) se eliminará uma questão de maior interesse nacional do que p. ex. a Ota (a Ota é para os otários, dizem). Há, contudo, movimentos do lobby das pedreiras para pressionar o governo a eliminar da lei a necessidade de devolver as pedras, caso contrário ameaçam fechar as pedreiras e lançar no desemprego mais uns quantos.
Vamos ver no que isto dá.