Jardim de prazeres proibidos!

Originally posted 2006-01-07 12:58:11.

Cathedral-Tree of life and deathEm muitos locais do nosso apostólico cantinho, em virtude do almoço de Domingo, que reúne a família e não dá tempo para práticas religiosas, vai-se à missa ao Sábado. Para a prática do culto, usam-se catedrais, igrejas, capelas e barracões pré-fabricados. Tudo serve para endereçar as preces ao Altíssimo, desde que imbuídos da convicção de que as mesmas não caem em saco roto, que serão ouvidas e terão resultados. Nem sempre assim é, quiçá, por virtude de um problema de comunicações. O governo devia legislar no sentido de obrigar ao uso de banda larga nestas ligações.
Enquanto isso não acontece, podemos sempre usar os métodos tradicionais e esperar que tudo corra pelo melhor: que a doença se vá, que o filho melhore a sua miserável prestação escolar e hábito, socialmente mal aceite, do gamanço, que a filha largue a prostituição e os opiáceos, ou que o tempo não seja bastardo para as oliveiras.
Também eu, mortal pecador, procurava esta manhã a limpeza da minha conspurcada alma, apesar se saber serem escassos e estreitos os caminhos para a minha salvação. Mas a fé tudo faz e quem sabe eu teria a minha chance: enquanto há vida há esperança!
Cedo percebi que jamais em tempo algum, conseguirei livrar-me do pecado original, dos tormentos, não do purgatório, mas do próprio inferno, que me há-de queimar sem misericórdia num fogo eterno. E fantasmas hão-de fazer-me pender de pés e mãos atadas e olhos vendados, da árvore da vida e da morte, por onde ficarei eternamente servindo de alimento aos filhos de Satã. O chibo há-de punir-me pela luxúria, pela inveja, enfim pela catástrofe que é a humanidade. Tudo porque um dia um indivíduo que teve dois filhos (fico sem saber com surgiu o resto da humanidade se não há mulheres na história) comeu uma maçã que, ao que parece, até era de péssima qualidade. Senão veja-se o resultado.
Soube, nas minhas preces, que ainda o chibo não me queria e que, por ora, estava inexoravelmente condenado a sofrer e a resignar-me a ficar pelo jardim dos prazeres não terrenos. Seja. Ficarei nesta “Cathedral”, deleitando-me com os prazeres que nela tenha sempre que me aventuro na obscuridade das suas paredes, ostentando orgulhosamente o título de “Master of future decay”.

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