Homilia de ano novo

Originally posted 2015-02-04 00:11:54.

grosz-s40.jpgOntem foi tempo de balanço, hoje é tempo de recomeçar, logo que o álcool deixe as ideias clarear. Um recomeçar com dia e hora marcados, como se a vida de cada um dependesse deste novo ano para enxergar um novo impulso, como se as datas fizessem qualquer diferença. Na verdade, é só mais um pretexto para celebrar a vida e esperar que nos próximos 365 dias ela corra, senão melhor, pelo menos de forma similar. É que, como diz ditado, “do mal, o menos”, porque, como canta o Sérgio, “para pior já basta assim”. Seria hipócrita dizer, que não temos esperança em que os dias que se avizinham nos tragam o que mais desejamos, o que nos faz sentir bem, o que nos faz felizes. Mas isso desejamo-lo diariamente. No entanto, o calendário dá-nos agora a oportunidade de inumar o passado recente, para ficarmos com a ideia de que nos livrámos dele definitivamente e estamos de novo limpos, ocos, preparados para nos enchermos de algo novo e bom, melhor do que o que acabámos de enterrar. Assim perfeitos e alvos, sem mácula, cremos ter todo o direito do mundo a que a felicidade nos entre porta adentro, sem pedir sequer licença e, mais grave, muitas vezes sem sequer ter sido convidada. Não será que, tal como a sorte, a felicidade não se tem, mas antes se fabrica laboriosamente? É que se assim for, então o novo ano não tem, nesta matéria, o menor dos interesses e só nos resta continuar ou mudar o rumo que no nosso passado timonámos, como mais ajuizadamente entendermos, trilhando novos caminhos, fazendo os desvios que se mostrem necessários para os encontrar. Caminhos que requerem persistência, ânimo constante, genica de herói cinematográfico para não quebrantar. E ainda que caíamos de quando em vez, porque o caminho está apinhado de escolhos, glorifiquemo-nos e, com o esforço sobre-humano que o só ao “Beowolf” seria reconhecido, levantemo-nos enfrentando de novo a “besta”. Afinal quem manda? Nós ou essa coisa diáfana, que alguns nos querem impingir, a que chamam vida. Nós traçamos os nossos caminhos, sem ano novo, sem nada. Só connosco!
Sejam felizes, agora e sempre.
Ámen!

4 thoughts on “Homilia de ano novo

  1. Espero que continues a encontrar-te e a realizares tudo a que aspiras neste novo ano. Embora longe, continuarei a acompanhar a tua escrita e os teus sucessos. Contas com uma amiga para sempre se assim o desejares.
    E quanto a este teu texto… olha que temos mesmo direito a felicidade e nunca te esquecas disso. Mas essa felicidade nada tem a ver com a “virada” do ano 🙂 mas sim connosco mesmos, com a maneira como encaramos a vida e a atitude que escolhemos para a viver!
    Um grande beijo.

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