Guerreiro Celta

Originally posted 2015-02-04 00:13:20.

Buckshot - The Sword's TaleNas estepes a vida dos homens era terrivelmente dura. As lutas fratricidas que opunham os clãs, ceifavam vidas sem que nisso se vislumbrasse algum sentido, que não fosse apenas a demonstração da superioridade de uns sobre os restantes. A maior dificuldade nas estepes era conseguir atingir uma repousada velhice. Os homens morriam jovens e muitas das crianças dos clãs em guerra eram chacinadas pelos antagonistas, antes de poderem sequer dar os primeiros passos, evitando desta forma que o inimigo cultivasse novos guerreiros e desmoralizasse perante os filhos esventrados ou à vista dos seus crânios cravados em toscas estacas de madeira à entrada das aldeias saqueadas.
Os líderes do povo Segomo suportavam investida atrás de investida na esperança de suster os Tutates até à chegada de Nuada. Nuada não passava de uma lenda contada de geração em geração, mas em que os Segomo acreditavam piamente. Era esta crença o único sustento da sua cada vez mais parca esperança, de que um dia os anjos negros dos Tutates pereceriam às mãos deste guerreiro celta nascido no coração da montanha, para empunhar uma espada talhada a ferro e fogo pelo ferreiro da aldeia e que dizimaria sem piedade os que se lhe opusessem, com o único intuito de unir todos os povos das estepes numa grande nação pagã.
Os anos passavam e de Nuada, nada! Havia os que acorriam rapidamente aos lideres dos Segomo se a felicidade lhes batia à porta e ouviam, por entre passos nervosos no exterior da tenda, o primeiro grito de um filho varão que a natureza trazia à face da terra árida das estepes. Chegavam sem fôlego da louca correria aos aposentos daqueles e comunicavam que mais um potencial Nuada havia nascido. Depois seguiam-se as observações dos sábios e feiticeiros do clã que, até ali, apenas haviam proferido a mais terrível das frases, que os senhores dos Segomo temiam ouvir:
– Não é ele!
E não era. Filho após filho, os Segomo aguardavam a vinda de Nuada. O nascimento no clã dos Segomo surgia sempre como uma esperança que arrastava consigo um desapontamento ainda maior.
Os Segomo viviam na planície semidesértica e raramente se aventuravam numa ida às montanhas, até porque o trilho era difícil e as montanhas uma incógnita que os Segomo não desejavam esclarecer.
Contudo, havia de ser a montanha a trazer a esperança aos Segomo e a todos os povos das estepes.

(continua aqui)

3 thoughts on “Guerreiro Celta

  1. Porque não continuas a escrever e acabar este belo texto, continua quero ver o fim, como será?
    um abraço amigo JF

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