DAPUNKSPORTIF no Março Fora d’Horas

Originally posted 2018-05-21 15:29:25.

XII Festival de Música Moderna de CorroiosComo conheci o Paulo Franco

Está a decorrer em Corroios o XII Festival de Música Moderna. Apesar de não entender porque é que é moderna, o facto é que se trata de um evento que, como o nome indica, vai já na sua 12ª edição, o que só por si é de se lhe tirar o chapéu.
O amigo “J” enviou-me um link e, à conta do concurso de fotografia integrado no mesmo certâme, lá fui eu e o “JM” até ao Seixal, com destino a um local designado por “Março Fora D´Horas”, guiados de inicio pela intuição e mais tarde por métodos bastantes mais sofisticados: GPS!
Saídos para chegar onde interessava e como desconhecíamos o tal “Março Fora D´Horas”, metemo-nos ao caminho, noite dentro, ponte fora e Cristo-Rei pelas costas, para chegar ao local onde semanas antes eu tinha ido ver os Blood Brothers, Corroios, até porque o dito festival ali tem lugar.
Chegados ao local de anteriores espectáculos, quedei a viatura e deixei o motor em andamento para uma previsível rápida saída, porque a hora do evento, fosse lá onde fosse, aproximava-se a passos largos. Atravesso a rua com passo apressado e dirijo-me à primeira alma que encontro: um jovem, mais jovem do que eu, com uma bolsa a tiracolo e camisa por fora das calças. Interroguei-o:
– “Sabe onde fica o espaço “Março Fora D´Horas?”
A resposta veio surpreendentemente rápida. Estava à espera de mais um “Não sei, não sou daqui!”, ou “Bem… isso… sei onde é, mas agora estar a explicar-lhe…”. Aquelas respostas simpáticas que me deixam boquiaberto e capaz de enviar os interlocutores para outro local, que aqui não pode expressamente referir-se.
– “Sim, sei, mas isso não é aqui, é no Seixal. São mais ou menos 6 km e é logo à entrada. Vai por aí em frente e logo encontra placas indicativas.”
“Grande sorte” pensei com o meu fecho éclair (este levava, botões já não recordo).
Regressado à viatura, disse ao “JM” qual seria o percurso, mas aquele, já sabedor da minha falta de orientação, ligou o GPS do seu portátil e lá fomos seguindo as indicações dos satélites nossos amigos, com uma voz que, oriunda daquela “bússola” electrónica, monologava:
– “A 300 m vire à direita!” E eu virava.
– “Na rotunda saia na segunda saída.” E eu zumba, toca de sair na segunda.
Fiquei estarrecido, quando reparei que o monólogo continha até figuras muito usadas na nossa literatura, como o pleonasmo, quando a tal senhora repetiu:
– “Saia na saída, saia na saída”. Claro que não pude deixar de retorquir: “Não, saio na entrada”.
Bom, com as indicações daquele jovem em Corroios e do GPS do “JM”, lá fomos dar ao local onde tudo teria lugar.
Do cardápio constavam, como concorrentes, os Meskaline e os Split; como convidados, que os rapazes já têm nome e disco editado, os Dapunksportif. As pancadas de Moliére, previstas para as 22 horas, acabaram por se ouvir apenas por volta das 23. Ok, estava tudo bem, pelo rock’n’roll a malta espera sempre. Aliás, pelas 22 não estava alma que se visse na sala. Temi o pior. Mas não. Aos poucos os espectadores foram chegando e a sala foi enchendo. Óptimo, rock sem malta que extravase as suas emoções é que não.
Apresentações feitas lá vieram os Meskaline (meskalaine) para interpretar 4 temas, seguidos dos Split (split) com outros 4, mas estes mais musculados, com mais tempero, com mais trabalho, com mais energia, com mais convicção e vontade. E foi por isso que acabei por dar o meu voto aos Split.
Intervalo para rearranjar o palco, colocar os instrumentos dos Dapunksportif (dapanquesportife) e um breve “sound check” e lá saltaram os miúdos para o palco de luzes tremeluzentes e garridas.
Apenas tinha ouvido os Dapunk na Rádio Radar, a minha favorita, e não conhecia muitos temas dos rapazes, nem lhes conhecia a imagem, mas fiquei fã e serei comprador da reedição ali anunciada do seu primeiro disco, em versão aumentada e remisturada.
Logo no inicio da actuação dos convidados Dapunk, fiquei com a sensação de que o rock’n’roll une certas pessoas e que, por vezes, o destino de quem ouve e de quem cria e executa, se cruza ainda que fugazmente: o jovem a quem solicitei indicações em Corroios era o Paulo Franco, vocalista dos Dapunksportif!

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