Como me interessei pela fotografia

Originally posted 2013-09-07 00:41:14.

COMO ME INTERESSEI PELA FOTOGRAFIA

Câmara Bireflex
Câmara Bireflex

Um dia destes um crítico de arte perguntava-me como me interessei pela fotografia! É daquelas perguntas de algibeira para a qual pensamos ter a resposta na ponta da língua, mas que por vezes é mais difícil do que aparenta. Naturalmente que sabemos a resposta. Usualmente, é uma paixão que desperta cedo, por que alguém da família já fotografava, por que queremos imortalizar momentos, dar voz a certas causas, dar a conhecer belezas e horrores, etc.
Como foi comigo? Como me interessei eu pela fotografia? Como criança! Mas não em criança! Em criança fui apenas mordido pelo bicho! Acho que depois de mordido pelo dito, me interessei pela fotografia, como a criança que todos os fotógrafos devem ser: no olhar curioso, na descoberta incessante do que olhamos mas não vemos verdadeiramente. Da vontade de ver a realidade de forma diversa, aquela que só é visível no produto da câmara fotográfica. Por exemplo, o tempo inscrito na imagem (inscrição do movimento na imagem sob a forma de um “borrão”) só existe na fotografia. Muitas das minhas fotografias de musica ao vivo ou a série Fios de Vida são para mim dos melhores exemplos. Isso é algo que me cativa, que sempre me surpreende e que só a fotografia me dá!
O bicho ter-me-á picado aos 7 anos, mais coisa menos coisa. De facto, não sei porquê e também não interessa, alguém me ofereceu uma camara bireflex. Não sabia sequer o que era e nunca obtive qualquer imagem com ela. Desapareceu no tempo. Gostava de ver através dela! Era um brinquedo. Psicologicamente, esse “brinquedo” que se interpunha entre mim e a realidade, pode em última análise, ter constituído o início da construção de uma linha defensiva do meu “eu” perante o mundo.
Creio que esse é o meu maior interesse na fotografia: ser a minha defesa dos outros e, simultaneamente, uma forma de revelar o meu eu ao mundo! Contraditório? Talvez. “Viver é estar em contradição”, disse Sarte, por isso não me preocupo com ela.
Enquanto adolescente sem meios para comprar uma câmara, fotografei com câmaras compactas emprestadas. Durante muito tempo fui um fotógrafo “sazonal” com uma Yashica Electro 35 G. Fotografava nas férias, sobretudo família e uma ou outra aventura fotográfica!
Só muito tarde em idade e recentemente no tempo (1999) é que pude comprar a minha primeira SLR e em 2003 fazer um curso profissional de fotografia e um curso de estética fotográfica na Oficina da Imagem. Aí vi o cosmos e iniciei um percurso em que pude por em prática algumas ideias, frequentar outros cursos e workshops e dedicar mais tempo à fotografia.
Hoje em dia faço o que me apetece, quando me apetece. Angustio-me quando me apetece e não tenho ideias. Procuro alternativas. Não me revejo totalmente na fotografia tradicional! Basicamente, não tiro fotografias, gosto mais de as fazer!

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