Comboio de mercadorias

Originally posted 2015-02-04 00:11:53.

BrandNewSin-RecipeForDisaster-FrontStress! Moderno, socialmente aceitável, doença de estratos sociais acima do remediado. Não ter stress não é um bom indicador. Significa que não trabalha o suficiente (fora de horas, quero dizer), que o seu patrão ou superior hierárquico não lhe esmigalha suficientemente o juízo durante o dia, com perguntas idiotas e negligências tansformadas repentinamente em urgências desmesuradas cuja inexecução de forma imediata, sem questões nem observações, determinará, sem mais, o fim do mundo tal como o conhecemos (pelo menos para si).
Em todas as organizações militam idiotas que podem em, qualquer altura, pedir-lhe para executar o tal relatório que anteriormente lhe tinham dito que não devia, em absoluto, elaborar-se, caso contrário isso podia acarretar consequências, nefastas já se vê, para a sua (já) miserável carreira! A cena tem, normalmente, tendência para se repetir, ciclica ou insistentemente. Isto provoca stress. Logo, mesmo que o seu vencimento seja miserável, você sente-se bem: tem stress. É “in”. E vai ao médico (de clinica geral e da Previdência que depois de perguntar se está tudo bem, aconselha o neurologista que, por seu lado, lhe manda aviar uma receita de ADT (do mais forte para começar, depois com o tempo logo se vê). E já está: baixa por doença e lá se vai a produtividade do país às urtigas! Fica, com o tempo e a medicação, com sérias probabilidades de se tornar o zombie número um da sua empresa.
Eu tenho stress, (não vão pensar que sou algum indigente que nem ganha para comer) e tomo ADT e outros! Já ultrapassei a fase zombie (foi do melhor: “quem?”, “aonde”?). Durante todo o processo fiz, contudo, automedicação que me ajudou a superar e agora me sustenta a leveza do ser e o fardo do dia-a-dia. Aliás, faço-a desde muito novo. Desde tempo imemoriais (sempre quis usar esta expressão) que o faço, por isso não tenho a mínima ideia de quando comecei! O que sei é que este medicamento me faz sentir bem.
Tive sempre propensão para medicamentos desta natureza, apesar de ainda não o saber quando ouvia o Nelson Ned na Rádio Altitude da Guarda!
100 a 150 batidas por minuto, actuar no escritório (às vezes no carro) perante uma audiência imaginária, com o polegar e o indicador direitos (salvo no veículo em andamento, por razões de segurança) faíscando no fémur, também ele direito, reduz -me drasticamente os níveis de stress (chega a cansar, tal a entrega, mas é um cansaço saudável).
O medicamento antistress a que numa das últimas autoprescrições me obriguei foi este “Recipe for Disaster” dos Brand New Sin. Uma espécie de comboio de mercadorias que passa a toda a velocidade com o seu som estridente, galgando quilómetros sem dó nem piedade e sem que alma alguma deste mundo consiga pará-lo: “Whoa God help me, I’m like a runaway train and there is no turning back”. É de tal ordem que o número de tomas (e estou a tomá-lo agora) chega a ser de várias ao dia.
Recomendado para stress e doenças do foro mental.
“Hell yeah!”

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