747

Originally posted 2018-03-07 07:19:35.

Matando o papaCarbónicas as cidades do dióxido,
envenenaram cedo os rapazes e
corriam de cio na venta mulheres
por entre passeios empedrados de aldeias montanhosas.
Calculavam-se metricamente as possibilidades:
ascensão florida no cemitério e
o verde-escuro dos táxis acelerava veloz
cantigas de Edith Piaf.
Era ontem e hoje que caía sórdido e balofo
na armadilha das lambidelas do poder,
lembrando aos pecadores da carne puritana,
uma pasta ensanguentada, escorregadiça, lúgubre.
O Santo Oficio bailou na morgue
a dança ácida da chuva experimentalmente atómica.
O padre ajoelhou cabotino no altar da hipocrisia e
no pânico da revelação do Cristo crucificado
no monte das oliveiras;
cabelo oleoso no azeite das lamechices beatas.
747, caiu!
Todos caímos e
o sentido da escrita cai a pique nas “Bic” da ignorância.
Corpos apodrecidos aos milhares,
roídos pelos abutres do poder,
cromos de uma colecção sem caderneta.
Ciprestes cobertos de um negro carregado e
os mortos que riam do destino aéreo de aterrar
os cornos num descampado qualquer,
quando o voo perde a altitude da paz do Senhor,
sem que ainda os sobretudos do Inverno moral
caiam nos jazigos das mortalhas cantantes.
Achei divertido ter vontade de estrebuchar num jantar canibal e
condenar os criminosos à forca.
Como no “far-west”!

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