MIOPIA

Quando começou e onde acaba o conceito e a realidade da união de algo que nos parece já distante? A família é erro de refração. É um retrato social. Não é um retrato pessoal. É uma incerteza. A família é algo distante, desfocado, é miopia.
O que nos liga é uma imposição social, ausente de afeto, laços que se consomem com o falecer do tempo.
Nesta série de fotografias a objetiva é um prolongamento do olhar, um meio para expressar a inconstância típica do ser e do ser em comunidade. Um jogo em que as regras da composição gráfica são manipuladas para forçarem a introspeção e a avaliação das relações.
Assume-se uma viagem pela miopia mecânica das lentes fotográficas. Não há lentes de contacto que possam iluminar o que já só ao longe se vê. E só “consertando” os defeitos da refração da luz na objetiva provocados pelo fotógrafo atingiremos o alcance deste trabalho. A final.
A paisagem circundante fica mais leve quando o foco é impreciso. Olhe-se bem! Primeiro ao perto, para depois, conseguirmos a amplitude de perceção necessária para compreender a realidade.
Esta série aponta para realidade como ela se nos apresenta: incerta. Um desafio por entre sombras e silhuetas. Um afastamento da verdade na procura impulsiva do ser.

© 2005