Lançamento de Breve Inventário do Agora

Lançamento de Breve Inventário do Agora
*atualização 16/6/2021

Amig@s:

A terminar o mês de maio de 2021, venho dar-vos noticia de uma pequena publicação. Um livro desdobrável, traduzido do inglês (folded book/pants book), um “livro calças”.

Este pequeno objeto quase todo “home made” (não esperem perfeição), foi  produzido entre fevereiro e março de 2021, numa oficina orientada pelas artistas Inês Amado e paula roush, no âmbito da Creative Attentive Studio (CREiA).

A publicação tem o título de “Breve Inventário do Agora” e está ancorada nas práticas do foco (focusing), na escuta profunda (deep listening) e exercícios criativos. O projeto aborda as questões da experienciação da casa, o confinamento e a pandemia, num espaço de intimidade e luz interior.

Trata-se de uma edição de 50 exemplares, numerados e assinados. No interior contem um folio com um pequeno texto e é abraçado por uma cinta em tarlatana*.

O “Breve Inventário do Agora” está já disponível para aquisição na loja do site, ao preço de 7,50€, acrescidos de portes de envio, se for o caso.

Contudo, e esta parte é importante, aos assinantes da nossa newsletter (os que recebem esta notícia no seu endereço de correio eletrónico), que reservarem o seu exemplar através do formulário abaixo é oferecido, em exclusivo, um desconto de 10% sobre o preço da publicação. Entretanto, os que de vós já manifestaram interesse na publicação, têm o mesmo tratamento, naturalmente. Esta oferta é válida até ao próximo dia 15 de junho.

Após a reserva, ser-vos-ão remetidas orientações para pagamento, etc.

Gratidão e até breve.

*Algumas informações da ficha técnica:
  
 fotografia texto desenho arlindo pinto
 desdobrável
 aberto 287x420mm fechado 105x148mm
 papel munken pure 240gr
 folio interior
 100x142mm
 papel freelife vellum 140gr
 cinta
 tarlatana
 produção fevereiro março 2021
 na oficina CREiA::: Creative Attentive Studio
 publicação planeta dos catos
 50 exemplares numerados assinados
 lisboa maio 2021

Reserva de Breve Inventário do Agora (Consulte a loja, p.f.)

Lançamento de SO.LE.DA.DE de José Morujão

Lançamento de SO.LE.DA.DE de José Morujão

Lançamento de SO.LE.DA.DE de José Morujão.

A finalizar o mês de abril trazemos aqui a noticia do lançamento do mais recente fotolivro do José Morujão, SO.LE.DA.DE através do Planeta dos Catos, o epíteto  que levam as publicações/edições realizadas por este que vos estima.

O José Morujão concentra a imagética que constrói na pós-produção das suas imagens, através de fotomontagens. A sua inspiração resulta dos filmes que vê, dos livros que lê ou das suas memórias.

O seu trabalho é por vezes muito intimista, tomado de solidão ou saudade. SO.LE.DA.DE é um desses trabalhos. No prefácio deste livro, Isabel Morujão, docente da Universidade do Porto, escreve:

Imagens de lugares que o autor percorreu repetidamente ao longo de vários meses, este livro de fotografias de José Morujão constitui um caminho pela paisagem do interior da alma.

E mais adiante:

Reunir fotografias é (re)ordenar o mundo e dá-lo a ver em declinações subjetivas do olhar. Uma vez captada a paisagem que se imobilizou e desgarrou do fluxo do tempo, o fotógrafo revisita lugares de memória, imortalizando momentos e espaços que se percorrem então pelo lado de dentro da existência. É ao avesso da paisagem que este livro nos convida a viajar.

A linguagem fotográfica desta obra dá lugar a um registo de contrastes fortes de sombra e luz, de cor e do seu esbatimento, numa geografia um tanto dramática, em que algumas árvores se destacam do seu conjunto, em closes perturbadores, que conduzem o olhar para texturas densas, enrugadas, nodosas, sobrepostas, que exibem cortes, escorrências, cicatrizes.

Há nestas fotografias uma estética do fragmento, que se anuncia logo desde o título do livro, onde a palavra nos surge fracionada em sílabas.

SO.LE.DA.DE será apresentado publicamente no decorrer do mês de maio.

Contudo, SO.LE.DA.DE está desde já disponível para aquisição ao preço de lançamento de 20€, ao invés dos 25€ posteriores. Acrescerão despesas de envio.

Os interessados no Lançamento de SO.LE.DA.DE de José Morujão podem reservar um ou mais exemplares no formulário abaixo. Posteriormente ser-vos-ão remetidas orientações para pagamento, etc.

Alguns dados sobre a publicação:

Projeto Fotográfico José Morujão
Textos José Morujão
Edição do Projeto Arlindo Pinto
Prefácio Isabel Morujão
Tiragem 75 Exemplares
Páginas 84
Capa Dura
Formato 148mmx210mm
Miolo Papel Gardapat Kiara 135gr, cosido.
1ª edição Lisboa, abril, 2021
Publicação Planeta dos Catos
ISBN 978-989-33-1581-1

Promover o Photobook

Promover o Photobook

Promover o Photobook| Promover o Photobook |

Amigas e amigos:

Estamos perto de chegar ao mais estranho natal das nossas vidas, globalmente falando, porque natais estranhos já todos devemos ter tido.

A pandemia mitigará, talvez, o acesso às catedrais do consumo, onde todos vamos para nos sentirmos sós e comprar as coisas mais ou menos normalizadas pelo mercado das necessidades. Algumas criadas, para nosso gáudio!

Nós, os que não têm uma loja de renda milionária no shopping, entregamos em mão, discutimos a obra e falamos de coisa triviais enquanto bebemos qualquer coisa e comemos uma chamuça. Falo dos que fazem livros, pequenas edições em que investimos tempo, dinheiro, suor e lágrimas (isto já é muito drama, mas pelo menos algum stresse cabelos brancos). Sabemos que é assim e que o mérito não vem pela quantidade vendida, mas pela felicidade de saber de que 2, 20, 50, ou menos, quiçá, ali encontraram prazer e nas imagens do autor construíram a “história” que este quis contar, ou a sua própria, o que é muito mais belo. Se com a nossa argamassa outros constroem templos melhores do que os nossos, a satisfação é multiplicada pelo número de construções que cada um erige.

Não saberão, mas cada um dos autores que se autoedita, tem em vários locais da casa ou do ateliê, obras suas à espera de alguém que as possa acarinhar (é mesmo esta a expressão – não é pieguice). E estão lá pelas mais variadas e estranhas razões: desde as falhas do autor na distribuição, até à falta de oportunidade de qualquer coisa, passando pelo desdém que alguns nutrem pelos que não são o moço de orelhas de rato Mickey (sem ofensa que eu respeito os dois, incluindo o das orelhas).

Vai daí, tirei-me de cuidados [neste momento o Mário Pires escreve no Facebook “O Jorg Colbert disse que o mercado mundial para os Photobooks era muito limitado, isso há uns anos. Acho que tem razão, tirando exceções honrosas, os livros ganham pó nas livrarias.”] e pensei, porque não sacudir o pó aos livros e oferecê-los a preços (ainda) mais baixos para que alguém possa ter um natal com imagens e imaginação? É imaginação. Imaginem só!

Promover o photobook (em estrangeiro parece outra coisa) e a imagem fotográfica e colocá-los nas vossas mãos, é o intuito de um microsite que criei destinado às ofertas de baixo preço que podem encontrar AQUI.

Por defeito o site cobra portes. Se quiserem entregas em mão, avisem antes de comprar.

No entanto se nada do que ali consta vos interessar e no mesmo intervalo de preços, têm no OLX, desde a “Grande Enciclopédia Médica – Como Nova!!!” até ao sempre útil “Eletricidade Básica” ou mesmo o “Livro Fundamentos de Enfermagem de Saúde Mental”. Todos temos interesses diversos e ainda bem que assim é. Caso contrário, tudo isto seria estupidamente monótono.

Boas compras.

Namastê.

Apoio à publicação de Catálogo de Silêncios

Apoio à publicação de Catálogo de Silêncios
Imagem inicial de "Catálogo de Silêncios"

Apoio à Publicação de “Catálogo de Silêncios” | Depois de ter publicado “Norwegian Sky 9” em novembro de 2019, está chegada a altura de trazer ao vosso julgamento uma nova publicação, resultado do trabalho desenvolvido na Escola Informal de Fotografia do Espectáculo durante aquele mesmo ano.

Trata-se de uma publicação no formato de livro, que conta com a inestimável colaboração de Susana Paiva e que junta imagens que pretendem evocar silêncios, que são interiores, materializados em lugares a que o autor agrega a simbologia que a imaginação e a memória lhe permitem. Ou então essas imagens revelam o estranhamento do real que o autor pretende mostrar, tudo confluindo para infindáveis ciclos de partida e regresso.

Os textos que o livro contém adensam o estranhamento. São, na verdade, outras imagens.

O livro titulado “Catálogo de Silêncios”, tem 72 páginas e terá um preço de venda ao público de 20€, com período de pré-venda.

O período de pré-venda decorre até 30 de setembro de 2020, a um preço de 15€.

Apressem-se, pois, que isto não vai durar sempre.

Fica lançado mais um repto  ao generoso apoio que sempre têm demonstrado às minhas publicações, porque, creio, as apreciam. Só assim faz sentido. Desta feita para os temerários do costume e os outros que se lhes queiram juntar, fica a possibilidade de Apoio à Publicação de “Catálogo de Silêncios”,

Os pedidos podem ser feitos através do e-mail books@arlindopinto.com ou preenchendo o formulário abaixo.

A apresentação e entrega dos livros está prevista para outubro de 2020.

Gratidão.

RESERVAR AGORA

Splendid Isolation

SPLENDID ISOLATION

I want to live alone

And never go down in the street

Splendid Isolation

Lock the gates… take my hand

And lead me through the World of Self

Adaptação de “Splendid Isolation”, de Warren Zevon, 1989.

SPLENDID ISOLATION

Ao caos das ruas apinhadas sucedeu o confinamento domiciliário, uma prisão sem sentença formal, mas ainda assim, de vida ou de morte. Vida ou morte físicas. A outra, a interior, há muito percorria, finada, as ruas agora vazias. No confinamento surge a oportunidade para a luz se manifestar, do questionamento se declarar em toda a sua imponência e modestamente se tentarem as respostas mais honestas que devemos dar a nós próprios. Se não formos nós, quem então?

O confinamento não é um fatal momento de angústia e ausência. É, ao contrário, uma oportunidade para colocar em perspetiva as nossas vidas e a nossa relação com a natureza e o mundo que nos rodeia. A oportunidade para entrar no mundo do eu. Um momento de reflexão, uma janela, entre o que somos e o que a existência nos pede que sejamos. O confinamento concede espaço à opinião de nós, o que permite julgar-nos sem remorso, mas com o compromisso de voltarmos renovados, despojados, conscientes de que tudo é efémero e que só o afeto, a terra mãe e tudo o que nos edifica como humanos inocula sentido às nossas vidas.

Para Sísifo, a vida é uma sequência sem fim de atividades que não resultam em nada duradouro. Mas se olharmos de dentro, da perspetiva de quem a vive, a vida pode ter sentido e esse sentido só acaba quando cumprimos os nossos objetivos e não houver mais nada que tenha que ser feito. Lamentavelmente, a humanidade tem tudo por fazer!

Do confinamento pode sobrevir a consciência da extrema necessidade de atribuir um real sentido à vida. De preencher o seu evidente vazio. Podemos torná-lo num isolamento esplendido.

©2020

projecto #29 | "Splendid isolation" de Arlindo Pinto Inserido no projecto colaborativo "Quanto tempo tenho que esperar para que a realidade se torne extraordinária?", promovido pelo Photobook Club Lisboa.

APROXIMAR-NOS DO CAOS

 APROXIMAR-NOS DO CAOS No âmbito da EIFE Escola Informal de Fotografia do Espectáculo, edição 2019 e com a coordenação de Susana Paiva,  terá lugar na ACERT Tondela, uma exposição alimentada criativamente pelo pensamento do filósofo José Gil, expresso numa entrevista que o próprio concedeu ao Jornal de Noticias em janeiro de 2019.

Abaixo deixo-vos o texto a constar da “folha de sala” do evento, para o qual me atrevo a convidar-vos.

 APROXIMAR-NOS DO CAOS [com umas lentes que permitam ver melhor o que é isso].

“Caos. Do grego káos, do verbo khainen, abrir-se, entreabrir-se.

Termo utilizado aparentemente pela primeira vez na “Teogonia” de Hesíodo (séc. VIII a.c.), designando o vazio causado pela separação entre a Terra e o Céu a partir do momento de emergência do Cosmo. Designa também para os gregos o estado inicial da matéria indiferenciada, antes da imposição da ordem dos elementos.”

(JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008)

 […] Na sua série “3ª – retratos de uma viagem ao interior”, da qual fazem parte as imagens “Diana” e “Janela” que integram esta exposição, João Paulo Barrinha procura mais a forma como vê a realidade, do que a realidade em si. As suas imagens reflectem, deste modo, as suas miragens – representações, muitas vezes surreais, dos seus sonhos e das suas memórias. Se
uma imagem é [uma] memória, apenas poderá ser a do seu autor. […]

[…] Quando olhamos para o trabalho “Território e Caos” de Raúl Salas somos transportados para um imaginário abstracto. Nas suas imagens, o autor, explora a essência do caos através de impossibilidades, criando territórios e tempos fictícios que co-habitam numa espécie de contínuo espaço-tempo (wormhole), induzindo um conflito de ordem. São fragmentos de tempos passados e presentes, vestígios de sociedades humanas antigas que convergem na sua obra, numa espécie de narrativa onírica cuja desconstrução implica tempo, imersão e proximidade ou, bem pelo contrário, afastamento e abstracção – essa é escolha que caberá ao público. […]

[…] Ana João Romana (em colaboração e com referência à obra de Susana Anágua exposta em 2014 na Carpe Diem) e João Vasco, apesar dos seus distintos percursos e influências, convergem nesta exposição na utilização da cartografia para operacionalizarem discursos artísticos centrados em energia e matéria, luz e terra.

A luz da cidade de Lisboa funciona como sujeito explícito da obra “18º abaixo do horizonte” de Ana João Romana, onde a luz é abordada de uma forma latente, mas carece de luz presente para que se revele. […]

[…] Por seu lado, a prática artística de João Vasco é alicerçada na fotografia documental e numa certa antropologia visual, que o autor utiliza como veículo gerador de consciência social. Em “Unidade Convulsa”, que agora apresenta, o autor faz emergir o seu background académico como geógrafo e invoca a cartografia como testemunho, uma memória da sua própria experiência, do seu caminho no mapeamento do Caos, que muito para além de ser geofísico, é intrinsecamente interior. […]

[…] Entramos agora na obra “Self” de Elsa Figueiredo, no seu caos, pelo lado [mais] escuro à procura da claridade […] Talvez precisemos de silêncio para melhor Ver e Entrar neste caos, para encontrar o túnel que nos leva até à luz. Também aqui, como nos trabalhos de Ana João Romana e João Vasco, o silêncio será a lente que nos ajudará a entrar na pele da(o) outra(o) e melhor compreender o que expressa Elsa Figueiredo. […] parafraseando a autora, “é através da busca constante daquilo em que falhamos e daquilo que nos faz falta, do vazio por preencher, que caímos muitas vezes no Caos”. […]

[…] Na obra “Mais alto! Mais altos! Sem parar! [Louder! Taller! Non-Stop!]”, de Mário Azevedo, o desejo humano é entendido como um poder destruidor da Natureza – uma força que atenta contra o passado natural, o pré-existente -, uma contínua procura do novo que ameaça o que está sedimentado. […] Na obra apresentada nesta exposição, o autor adopta a estratégia de criar um diálogo conflituoso entre duas imagens, […] [ao qual acrescentou] uma dimensão auditiva, cuja criteriosa banda sonora a escutar em registo imersivo, ela própria oscilando entre caos e harmonia, cria uma nova ligação entre imagens, agudizando inevitavelmente o referido conflito.

[…]

[…] Equacionando o crescente interesse, na abordagem artística contemporânea, pela conflituosa dicotomia Público versus Privado, com tónica nos conceitos de Liberdade e Transgressão, abordamos as obras “Ceridween” de Ludmila Queirós e “Paisagem-Passagem” de Carlos Dias, elegendo a transgressão como peça nuclear do discurso que as une. […]

[…] Carlos Dias aborda o próprio acto criativo como transgressão, sem regras, algo bem patente no manifesto do movimento Lomográfico que o autor adopta como fundamento do trabalho que agora apresenta. No caso de Ludmila Queirós […], a transgressão é corporizada através do olhar do espectador, testemunha (in)voluntária dos seus registos/testemunhos que alimentam o jogo deliberado de diluição do espaço/acto público e privado. […]

[…] O que une as obras “The true face” de Ana Botelho e “Paintball field” de paula roush, aqui apresentadas, e que, nas suas múltiplas acepções, simultaneamente as separa, é a antítese da face humana, em alguns dos inúmeros significados que lhe são atribuídos: a máscara. A máscara, física ou psicológica, – esse outro eu – que permite ao seu utilizador, o mascarado, dissimular a sua identidade, transformando a sua aparência, através da sua evidente função de adaptação social. […]

[…] “Paintball field”, enquanto jogo de disfarces, ironiza o jogo da guerra e expõe, segundo a autora, “a glorificação da morte implícita na narrativa do jogo”. […] Todos desempenham um papel, numa outra pele e identidade: a de caçadores e de presa, como num conflito real.

Por seu lado, a narrativa construída por Ana Botelho em “The true face” utiliza a máscara para discursar sobre um Caos interior, na continuidade de uma reflexão pessoal que a autora havia iniciado, em “Há dias que gosto mais do que outros”, publicado em 2018, e que não versando uma guerra de todos os Homens, aborda um conflito intrinsecamente seu. […]

[…] Unidas pela fragmentação da imagem que propõem nas obras, Leonor Duarte e Sofia Pereira Santos encontram na ilusão o mecanismo perfeito para equacionar a natureza do seu olhar, e das suas próprias imagens, para através delas reflectir sobre as diferenças entre representação, ilusão e realismo.

[…] Se a obra “Pode uma suave brisa mudar o mundo?”, de Sofia Pereira Santos, opera a sua reflexão evocando o espaço – na verdade um duplo espaço, da maquete do seu fotolivro e do(s) lugar(es) que este representa, – para equacionar a sua necessidade pessoal de permanente procura, já “S/título” de Leonor Duarte, na sua dupla natureza pictórica e referencial, elege o tempo, […], como o eixo discursivo que lhe permite reflectir, metaforicamente, sobre a forma como “a natureza se apropria do construído, recriando-o de uma forma que invoca o sagrado.”

Apesar das suas diferenças, é também aqui, na dimensão da recriação, que se voltam a interceptar as obras destas duas autoras – no seu desejo de permanente reinvenção das possibilidades do olhar, usando como pretexto um corpo em perpétua demanda de viagem. Inevitavelmente imbuídos da “força devastadora do caos [que] varre e destrói os estratos habituais do pensamento, das afecções, da linguagem, provocando um vazio a partir do qual se constrói a singularidade”, mergulhamos uma última vez nas sábias palavras de José Gil em “Caos e ritmo”, conscientes que é “no plano das matérias de expressão, no plano das formas, estruturas, composições que germina o caos” e, sendo este, também, um discurso curatorial elaborado por artistas que reflectem sobre a obra e práctica de outros artistas, não resistimos a concluir com uma nova citação do referido livro, “[…] mas é também no espírito e no corpo do artista [que germina o caos], porque ele habita inteiramente o espaço e o tempo da obra, tal como estes invadem as suas sensações e o seu pensamento. Um plano – de matéria e energia – liga a obra ao artista e inversamente, o artista à obra. É nele que o caos se instala e se estende. […]”

Excertos do texto curatorial da autoria de Arlindo Pinto, Dora Pinto, Fátima Lopes, Fernando Alves, Paula Arinto e Susana Paiva

Ficha artística e técnica

APROXIMAR-NOS DO CAOS [com umas lentes que permitam ver melhor o que isso é]

COORDENAÇÃO

Susana Paiva

AUTORES
Ana Botelho
Carlos Dias
Elsa Figueiredo
João Vasco
Leonor Duarte
Mário Azevedo
Raul Salas
Sofia Pereira Santos
[Autores Convidados]
Ana João Romana
João Paulo Barrinha
Ludmila Queirós
paula roush

CURADORES
Ana Couto
Arlindo Pinto
Dora Pinto
Fátima Lopes
Fernando Alves
Paula Arinto
Rui Esteves [assistência]

PRODUÇÃO
Ana Moreira Silva | direcção

COMUNICAÇÃO
Filipa Assis | direcção
Clara Moura [assistência]

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer à ACERT a confiança artística em nós depositada e o extraordinário empenho que permitiu esta iniciativa.

Gostaríamos ainda de fazer um especial agradecimento ao filósofo José Gil cujo pensamento, em torno do Caos, alimentou criativamente este projecto.

Arlindo Pinto Fotografia de Autor

Arlindo Pinto Fotografia de Autor

ARLINDO PINTO | PHOTOGRAPHER

  • noun “One who makes pictures by means of photography”

Arlindo Pinto (b. 1962) based in Lisbon, born elsewhere, is a fine art photographer. He addresses topics such as, place, memory, past, identity and body issues. He presents his work manly in photobooks and photozines.

His approach to photography is multifaceted in its visual and material possibilities, refusing undeviating aesthetic codes.

Photography is a tool for self-knowledge and a way for him to connect with his inner self and with mankind, in order to promote greater self-awareness and acceptance.

ARLINDO PINTO | HOW

  • noun “a way or manner of doing something”

Arlindo Pinto bought his first camera in 2003. Since 2014, he has published fourteen photobooks and photozines. Visit the Shop to find out the available titles. You can also purchase any photographs. Drop us a line.

Photography is not a professional activity for the author. The sale of his publications and photographs aims to recover the investment made in the projects he produces, so he can keep things in balance.

Short or long, we are grateful for your visit. Check back often. We like your company.

About Me

About Me

Biography

Arlindo Pinto (b. 1962) based in Lisbon, born elsewhere, is a fine art photographer. He addresses topics such as beauty, memory, past and identity. He presents his work manly in photobooks and photozines.

His approach to photography is multifaceted in its visual and material possibilities, refusing undeviating aesthetic codes.

Photography is a tool for self-knowledge and a way for him to connect with his inner self and with mankind, in order to promote greater self-awareness and acceptance.

He teaches photography at Circulo Artístico e Cultural Artur Bual and he is a member of the Photobook Club Lisboa team. He made solo and collective exhibitions and published his work in magazines, photography zines and books. He’s looking for clues about the meaning of life…

arlindo-pinto-retrato-autor-fotografo

Artist Statement

His photography has an insistent focus on man as a multifaceted, spiritual and relational being, but also a victim of himself. The result of what he does is viscerally grounded in his beliefs and convictions to wich the images give life. Photography is a way of talking about the issues that concern him, to which he wants to give voice and around which he intends to generate debates, verbalized or interior.

Academic

2021 ARQUIVO PESSOAL, corpo de trabalho, mar|abril, (paula roush)
2021 CREiA::: Creative Attentive Studio for a mindful art practice | Raíz-Casa, jan. (msdm)
2020 Cultura Visual e Teoria da Imagem (SNBA)
2020 Alternative Dreams – Oficina de Processos Alternativos (IMAGERIE)
2020 Estrategias Para La Estructuración Del Trabajo Fotográfico [(Eduardo Momeñe) DERIVA]
2017 Goma Bicromatada (IMAGERIE)
2015 Cianotipia (IMAGERIE)
2014 História da Fotografia Contemporânea (AR.CO)
2014 Photo Book Design (AR.CO)
2013… Escola Informal de Fotografia do Espetáculo [(Susana Paiva) EIFE]
2009 Linguagem e Estética da Fotografia (MEF)
2008 Fotografia Aplicada (MEF)
2005 Estética Fotográfica (Oficina da Imagem)
2005 Moda (WS8A)
2004 Curso Profissional de Fotografia (Oficina da Imagem)

Books | Zines | Catalogues

2021 “Breve Inventário do Agora” Planeta dos Catos
2020 “Catálogo de Silêncios” Planeta dos Catos
2019 “Norwegian Sky 9” Huggly Books
2018 “Na Luz Encontro Abrigo”
2018 “i”
2017 “Today Is A Long Time” – The Unknown Books
2017 “Retratos Municipais” – Instituto de Ciências Sociais
2017 “Hope” – Huggly Books
2017 “sonhando versos e sorrindo em itálico” – IMAGERIE – Casa de Imagens
2016 “Alegoria do Inferno”
2016 “Everything Is Not”
2015 “Ausências”
2015 “Space 3”
2015 “Zemrude”
2014 “Take My Body” Huggly Books
2012 “Coleção Bandas Míticas II, Pop Dell’Arte” – Levoir
2012 “Cáceres Pop 2011!” – Diputacion de Cáceres
2006 “Arte na Planície” – Associação Cultural Arte na Planicie

Solo Exhibitions

2014: Espaço Santa Casa, Lisboa
2011: Biblioteca José Régio, Amadora;
2011: Centro de Artes e Espetáculos, Figueira da Foz;
2009: Salão Nobre do Recreios da Amadora, Amadora;
2009: Galeria Municipal de Sobral de Monte Agraço;
2007: Centro de Arte Contemporânea da Amadora, Alfragide;
2007: Goupama.Arte, Lisboa.

Collective Exhibitions

2013: Hotel NH, Lisboa;
2012: Cabalum Galeria, Pontevedra, Galiza, Espanha;
2011: Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Artistas do Círculo Artur Bual, Espaço+, Aljezur;
2011: Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Artistas do Círculo Artur Bual, Teatro Eduardo Brazão, Bombarral;
2011: Hospital Fernando da Fonseca, Amadora;
2010: Sobral nas Linhas de Torres: olhares e perspetivas, Galeria Municipal;
2009: Exposição DELFINS – 25 anos de culto pop, Teatro Experimental de Cascais;
2009: IV Exposição de Artes Plásticas do Espólio Municipal 2005-2009, Galeria Artur Bual, Amadora;
2006: Arte na Planície – coletiva de pintura, escultura e fotografia, Montemor-o-Novo.

Na Luz Encontro Abrigo

NA LUZ ENCONTRO ABRIGO

Na Luz Encontro Abrigo

Subitamente Neves-Neves e uma porta para o absurdo da existência
Perdidos na alienação tecnológica da sua própria insuficiência
Crescem em aposentos para os esquecidos e amedrontados que são todos
Os todos de todo o mundo, pretos, brancos, amarelos e outras cores em RGB
Observo por entre aquela nesga aberta à pressa para inflamar os que procuram e
Caem exaustos nos arredores gelados das proximidades mortificantes de uma ATM
Vêm-me à cabeça imagens da urbe apinhada
O casario que arde suavemente, clamando pelo Capital anafado
Grito às chamas que me envolvem, deixo que o calor me dissolva as entranhas
E arreganho os dentes
Somos todos fruto de um enorme erro divino
– Deus é infinitamente pequeno – clama Jarry paradoxal
Seco de tudo, nada tenho e por aqui estaco o andar
Sou só lobo, sapiens solitário, permaneço de pé e procuro a luz
Queima, a luz, e é tão quente, tão enorme que a minha sombra se fixa eterna na parede
Na parede dos esquecidos e amedrontados
Um negativo, um oposto, um que brilha e brilha tanto que destrói corporativistas em CMYK
Tísicos desesperados, selvagens de boa saúde, perseguem o anafado e demoníaco Capital
Avanço a medo, que os lobos também o têm, abocanho aqui e ali, vadio
Permaneço alerta, vasculho por abrigo
Os olhos pedem tréguas
O corpo adormece e a viagem é longa
Estou cansado
Quando alcançarei paz?
Que aconteça qualquer coisa gigantesca e os olhos se revirem na busca
Anarquista sentimental foi assim que imaginaste que tudo teria lugar?
Como se o sonho fosse o teu melhor?
Esqueço que sim e arrasto-me mais uns miseráveis metros por entre corpos estendidos e
Janelas escancaradas que soltam uma música sem sentido
Caio no limiar e adormeço na babélica metrópole
Imagens do dia rodopiam num vórtice desvairado
Encontram-se na luz do meu sonho
Ali encontro abrigo

© 2018