About Me

About Me

Biography

Arlindo Pinto (b. 1962) based in Lisbon, born elsewhere, is a fine art photographer. He addresses topics such as beauty, memory, past and identity. He presents his work manly in photobooks and photozines.

His approach to photography is multifaceted in its visual and material possibilities, refusing undeviating aesthetic codes.

Photography is a tool for self-knowledge and a way for him to connect with his inner self and with mankind, in order to promote greater self-awareness and acceptance.

He teaches photography at Circulo Artístico e Cultural Artur Bual and he is a member of the Photobook Club Lisboa team. He made solo and collective exhibitions and published his work in magazines, photography zines and books. He’s looking for clues about the meaning of life…

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Artist Statement

His photography has an insistent focus on man as a multifaceted, spiritual and relational being, but also a victim of himself. The result of what he does is viscerally grounded in his beliefs and convictions to wich the images give life. Photography is a way of talking about the issues that concern him, to which he wants to give voice and around which he intends to generate debates, verbalized or interior.

Academic

2021 ARQUIVO PESSOAL, corpo de trabalho, mar|abril, (paula roush)
2021 CREiA::: Creative Attentive Studio for a mindful art practice | Raíz-Casa, jan. (msdm)
2020 Cultura Visual e Teoria da Imagem (SNBA)
2020 Alternative Dreams – Oficina de Processos Alternativos (IMAGERIE)
2020 Estrategias Para La Estructuración Del Trabajo Fotográfico [(Eduardo Momeñe) DERIVA]
2017 Goma Bicromatada (IMAGERIE)
2015 Cianotipia (IMAGERIE)
2014 História da Fotografia Contemporânea (AR.CO)
2014 Photo Book Design (AR.CO)
2013… Escola Informal de Fotografia do Espetáculo [(Susana Paiva) EIFE]
2009 Linguagem e Estética da Fotografia (MEF)
2008 Fotografia Aplicada (MEF)
2005 Estética Fotográfica (Oficina da Imagem)
2005 Moda (WS8A)
2004 Curso Profissional de Fotografia (Oficina da Imagem)

Books | Zines | Catalogues

2021 “Breve Inventário do Agora” Planeta dos Catos
2020 “Catálogo de Silêncios” Planeta dos Catos
2019 “Norwegian Sky 9” Huggly Books
2018 “Na Luz Encontro Abrigo”
2018 “i”
2017 “Today Is A Long Time” – The Unknown Books
2017 “Retratos Municipais” – Instituto de Ciências Sociais
2017 “Hope” – Huggly Books
2017 “sonhando versos e sorrindo em itálico” – IMAGERIE – Casa de Imagens
2016 “Alegoria do Inferno”
2016 “Everything Is Not”
2015 “Ausências”
2015 “Space 3”
2015 “Zemrude”
2014 “Take My Body” Huggly Books
2012 “Coleção Bandas Míticas II, Pop Dell’Arte” – Levoir
2012 “Cáceres Pop 2011!” – Diputacion de Cáceres
2006 “Arte na Planície” – Associação Cultural Arte na Planicie

Solo Exhibitions

2014: Espaço Santa Casa, Lisboa
2011: Biblioteca José Régio, Amadora;
2011: Centro de Artes e Espetáculos, Figueira da Foz;
2009: Salão Nobre do Recreios da Amadora, Amadora;
2009: Galeria Municipal de Sobral de Monte Agraço;
2007: Centro de Arte Contemporânea da Amadora, Alfragide;
2007: Goupama.Arte, Lisboa.

Collective Exhibitions

2013: Hotel NH, Lisboa;
2012: Cabalum Galeria, Pontevedra, Galiza, Espanha;
2011: Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Artistas do Círculo Artur Bual, Espaço+, Aljezur;
2011: Exposição Coletiva de Artes Plásticas de Artistas do Círculo Artur Bual, Teatro Eduardo Brazão, Bombarral;
2011: Hospital Fernando da Fonseca, Amadora;
2010: Sobral nas Linhas de Torres: olhares e perspetivas, Galeria Municipal;
2009: Exposição DELFINS – 25 anos de culto pop, Teatro Experimental de Cascais;
2009: IV Exposição de Artes Plásticas do Espólio Municipal 2005-2009, Galeria Artur Bual, Amadora;
2006: Arte na Planície – coletiva de pintura, escultura e fotografia, Montemor-o-Novo.

Na Luz Encontro Abrigo

NA LUZ ENCONTRO ABRIGO

Na Luz Encontro Abrigo

Subitamente Neves-Neves e uma porta para o absurdo da existência
Perdidos na alienação tecnológica da sua própria insuficiência
Crescem em aposentos para os esquecidos e amedrontados que são todos
Os todos de todo o mundo, pretos, brancos, amarelos e outras cores em RGB
Observo por entre aquela nesga aberta à pressa para inflamar os que procuram e
Caem exaustos nos arredores gelados das proximidades mortificantes de uma ATM
Vêm-me à cabeça imagens da urbe apinhada
O casario que arde suavemente, clamando pelo Capital anafado
Grito às chamas que me envolvem, deixo que o calor me dissolva as entranhas
E arreganho os dentes
Somos todos fruto de um enorme erro divino
– Deus é infinitamente pequeno – clama Jarry paradoxal
Seco de tudo, nada tenho e por aqui estaco o andar
Sou só lobo, sapiens solitário, permaneço de pé e procuro a luz
Queima, a luz, e é tão quente, tão enorme que a minha sombra se fixa eterna na parede
Na parede dos esquecidos e amedrontados
Um negativo, um oposto, um que brilha e brilha tanto que destrói corporativistas em CMYK
Tísicos desesperados, selvagens de boa saúde, perseguem o anafado e demoníaco Capital
Avanço a medo, que os lobos também o têm, abocanho aqui e ali, vadio
Permaneço alerta, vasculho por abrigo
Os olhos pedem tréguas
O corpo adormece e a viagem é longa
Estou cansado
Quando alcançarei paz?
Que aconteça qualquer coisa gigantesca e os olhos se revirem na busca
Anarquista sentimental foi assim que imaginaste que tudo teria lugar?
Como se o sonho fosse o teu melhor?
Esqueço que sim e arrasto-me mais uns miseráveis metros por entre corpos estendidos e
Janelas escancaradas que soltam uma música sem sentido
Caio no limiar e adormeço na babélica metrópole
Imagens do dia rodopiam num vórtice desvairado
Encontram-se na luz do meu sonho
Ali encontro abrigo

© 2018

Ser Ainda O Outro

SER AINDA O OUTRO

Ser Ainda o Outro 
Se eu me sentasse comigo próprio fazendo de outro, que resposta daria à pergunta, “quem sou seu?”
A imagem que de mim devolve o espelho, essa atulhada de medos, fantasmas, sonhos e alegrias aqui e ali trocadas por tristezas e dores infinitas de existências divergentes, é apenas uma ficção efémera de outros tantos eus que sou e outros que desejo ser. Quando o espelho se quebra, como Pessoa, “em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim”, imagens esparsas do eu.
Sou uno e fragmentado. Eu e o outro que se esconde. E ainda outrém. Uma alma, que desperta, se atormenta com o não ser os eus sonhados. Esquecido, regresso sempre ao que julgo que sou e o espelho me devolve.
“Ser Ainda o Outro” é a vontade de ir além do espelho, de confrontar a imagem especular, a própria definição do eu, e entender que a identidade não é apenas o que sou, mas também, aquilo que deixei de ser e o que não sou. É uma discussão interior, um teste de autoconhecimento, com disponibilidade para perceber que o passado não se muda e que para evoluir e ser quem sou, tenho que abrir mão de parte de mim para salvar o todo e me construir a cada momento, sonhando até ser um outro talvez inatingível.
As imagens não contemplam futuro, apenas o hoje das experiências a que as memórias e os projetos de ser outrora concebidos me trouxeram. Mas é nelas que assenta o devir de um outro eu. Um novo projeto de ser, um sonho e é o sonho que me mantém acordado e vigilante.

©2018

Livro de Artista do Projeto “i”

Livro de Artista do Projeto “i”

Livro de Artista do Projeto i

A apresentação do livro relativo ao Projeto “i”  terá lugar no dia 17 de novembro, pelas 18h.30m no Palácio Pancas Palha, Travessa do Recolhimento Lázaro Leitão, nº 1, 1ª andar, Lisboa. São naturalmente bem vindos e a vossa presença é apreciada. A laia de contextualização fica abaixo um pouco da história da construção deste livro “sui generis”.

*

O projeto “i” nasceu no âmbito da Escola Informal de Fotografia em 2017, sob a orientação de Susana Paiva, tendo como pano de fundo o “Elogio da Sombra” de Junichiro Tanizaki e o universo japonês Wabi-Sabi, tal como sobre ele escreveu Leonard Koren em “Wabi-Sabi for Artists, Designers, Poets & Philosophers”.
O “Elogio da Sombra” serviu de base ao “draft” conceitual do projeto e à safra de imagens que foram colhidas em fevereiro, março, abril e novembro de 2017. Além da penumbra tão cara a Tanizaki, o grosso das imagens revelava contrastes muito acentuados e sombras muito profundas, em locais onde apenas uma luz muito ténue era admitida, sem luz solar direta ou luz qualquer luz artificial. As imagens eram nítidas e precisas, de arestas cortantes, ângulos e linhas bem definidos. Apesar de evocarem a importância, segundo Tanizaki, da obscuridade no modo de vida tradicional japonês, em si mesmas consideradas, não satisfaziam, segundo o seu autor, os conceitos de transitoriedade, imperfeição, impermanência e incompletude, a que a beleza das coisas está submetida, segundo o conceito de Wabi-Sabi de Koren. Isso iria requerer um processo criativo assente a montante num erro/acaso, que descaradamente se usou como formula de experimentação para a criação final das imagens, todas elas únicas e perspetiveis. Citando Lazslo Moholy-Nagy, 1947, por seu lado citado por Magda Fernandes & José Domingos in “A salvação da fotografia vem da experimentação”. Não temos a pretensão da salvar a fotografia, nem nos preocupa, como se questionam aqueles autores, se “Poderá o acaso continuar a assim chamar-se, se deliberadamente o procuramos?”
As imagens de “i”, como se lê no Artist Statement do autor, “são imagens de paciência, construídas pacientemente, para observadores pacientes”. Que outra coisa dizer de imagens cuja construção obedece a um processo de impressão doméstica a preto e branco, no verso de papel fotográfico, terminadas usando um secador de cabelo?
O livro que agora se dá a conhecer continua a obedecer aos princípios estéticos que no início e ao longo do processo da sua construção apelavam ao acaso e à imperfeição. Para isso muito contribuiu o workshop com Paula Roush, “Page Turner”, em novembro de 2017. O livro, fugindo do convencional, não o afronta tão radicalmente como estamos certos a Paula apreciaria, mas comunga ele próprio de três simples realidades: nada dura, nada é completo: nada é perfeito.
“i” foi totalmente manufaturado. À exceção da impressão, ela própria exigindo uma atenção redobrada em relação a um processo normal de impressão, tudo o resto é fruto de braço. É portador de uma beleza onde já não se torna suficiente só olhar, é preciso ter tempo para ver. A beleza e a pressa são antagónicos e esta impede que se desfrute daquela, porque há uma importante auto-jornada para encontrar e apreciar o que está mais escondido.
“i” é um exercício de paciência, generosidade e simplicidade.
Esperamos que o desfrutem como ele merece.

Project i

Project i

Project i [PT]

Entre a “Sombra” de Tanizaki e a estética Wabi-Sabi existe nada: o nada para que devoluem ou evoluem todas as coisas, a base metafisica de um universo de beleza de coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas. Uma beleza não convencional. A beleza das coisas modestas e humildes encontradas por entre as matizes da sombra e da penumbra.
No discreto e negligenciado encontramos a grandeza. E poderemos nós encontrar grandeza nas imagens de “i”? A retórica da estética ocidental pode, como tudo se pode, não lhe reconhecer a ideia de monumental e espetacular beleza. Pois não pode! Nem sequer deve! Porque não ostentam tais qualidades, nem pretendem ostentar. “i” são imagens de paciência, construídas pacientemente, para observadores pacientes. São sobre o menor e o oculto, a tentativa e o efémero: é preciso olhar. Ir devagar. Olhar de perto.
E quando olhamos, revela-se a diluição das fronteiras do referente, oscilando as imagens entre o abstrato e o figurativo, mostrando-se cruas, corroídas e contaminadas. A organização geométrica das formas, nítidas e precisas, foi deliberada e ostensivamente substituída por talhos suaves, ângulos e linhas vagos e pouco definidos. Não lhe subjaz a perfeição ou a preocupação do fino acabamento. Anulou-se a geométrica organização da forma e aceitou-se que se acomodassem elas próprias de forma orgânica. Ter-se-ão tornado naturalmente imperfeitas, por sua própria vontade. E que importa isso às imagens? Nada, absolutamente nada! Nada existe sem imperfeição.
Onde é existem estas imagens, imperfeitas, estranhas, vivendo no escuro, espreitando na penumbra. No papel ou no ecrã, na memória ou na pele, acabarão por se desvanecer e cair no esquecimento e não inexistência. Existem apenas numa ilusão da permanência. Não permanecerão. São impermanentes.
Estão ou não terminadas estas imagens e que nos querem dizer? Em que se tornarão e o que dirão depois? Como todas as coisas, incluindo o universo que conhecemos e o que não conhecemos, as imagens estão num infinito estado de se tornar algo ou de se dissolver. São um processo. Nunca estarão completas. Sobrevivem num estado de incompletude!
É isto que sabemos e isto que aceitamos: a beleza das coisas imperfeitas, impermanentes, e incompletas. Quiçá uma beleza alicerçada na feiúra aparente das imagens.

Project i [EN]
In Tanizaki’s “In Praise of Shadows” and the Wabi-Sabi aesthetic lies the metaphysical basis of a universe of beauty, that of imperfect, impermanent and incomplete things; an unconventional beauty of discreet and neglected greatness. And can we find greatness in the images of “i”? Will the Western aesthetics rhetoric fail to recognize its ideal of monumental and spectacular beauty in “i”? It should, because “i” don’t have such qualities. “i” are patiently constructed images for patient observers. They are about simplicity and the hidden things, the attempt and the ephemeral: you need to see. Go slow. Look close. And when we look, the dilution of the referent borders reveals itself, proving the images to be raw, corroded and contaminated. The sharp and precise forms of geometric organization were replaced by smooth carving and vaguely defined lines. They don’t have the perfection of fine workmanship. The form geometrical organization was eliminated, and it was accepted that they would accommodate themselves in an organic way. They have become naturally imperfect by their own will.
These imperfect and strange images, living in the dark, lurking in the gloom, will eventually fade into oblivion and non-existence. They are an illusion of permanence. They are impermanent.
And are they finished? What will they become and what will they say later? Like all things, the images are in an infinite state of becoming something or in one of dissolving. They are a process. They will never be complete. They survive in a state of incompleteness!
This is what we know and what we accept: the beauty of imperfect, impermanent and incomplete things. A beauty based on the apparent ugliness of the images.

Project i as seen on PROPELLER magazine website.

© 2017

Zemrude zine

Zemrude zinezemrude zine-collectors-edition

Title: Zemrude
Author: Arlindo Pinto
Editor: Self-Publishing
Dimensions: 13 x 18 cm
Pages: 24
Edition: 20 copies (regular) + 5 copies (collector’s edition)
Edition Year: 2015

It is the mood of the beholder which gives the city of Zemrude its form. If you go by whistling, your nose a-tilt behind the whistle, you will know it from below: window sills, flapping curtains, fountains. If you walk along hanging your head, your nails dug into the palms of your hands, your gaze will be held on the ground, in the gutters, the manhole covers, the fish scales, wastepaper. You cannot say that one aspect of the city is truer than the other, but you hear of the upper Zemrude chiefly from those who remember it, as they sink into the lower Zemrude, following everyday the same stretches of street and finding again each morning the ill-humor of the day before, encrusted at the foot of the walls. For everyone, sooner or later, the day comes when we bring our gaze down along the drainpipes and we can no longer detach it from the cobblestones. The reverse is not impossible, but it is more rare: and so we continue walking, through Zemrude’s streets with eyes now digging into the cellars, the foundations, the wells.

(CALVINO, 1972:68)

Tristesse

TRISTESSE

“La tristesse durerara toujours” proclamou Vincent na pobreza do leito onde se abandonou à morte suicidária (?)
Hunter, no deleite da alvura dos alucinogénios, afirmou perentório I’m “Counting stars by candle light” enquanto fitava de olhos arregalados “Noite Estrelada Sobre o Ródano”
McLean afinou o instrumento e porfia na evocação da genialidade construída na mestria impar e solitária dos transtornos afetivos do pintor
Ao pintor a pós-morte elevou à maioridade do fadário perpétuo da imortalidade
Noites estreladas sobre o Ródano, qualquer outro lugar no “Campo de Trigo com Corvos”
Os corvos da morte ou da liberdade, mas para sempre sair dali
da angústia fazer infindável felicidade, poética e contraditória existência
“Tristesse” é afinal ser e feliz lembrança do autor.

©2017

Today Is A Long Time

Today Is A Long Time

Today Is A Long Time cartaz Today Is A Long Time é um projeto editorial da editora “The Unknown Books” e é o meu mais recente livro fotográfico.
Sem vos querer maçar fica uma pequena sinopse abaixo.
Fica o convite para se juntarem à celebração.
Lá vos espero, dia 18, às 18.30.

*

«O Tempo não é apenas um caminho mais ou menos célere para o ocaso. É testemunha que há de ser chamada a depor sobre a teia de existências a cujo nascimento e constância assistiu indiferente. Alguém irá questioná-lo: se estava efetivamente lá, se tudo se passou assim, se aqueles entes se amavam efetivamente e se o seu dia a dia era de ternuras indizíveis. E se o sol brilhava mais quando a criança olhava o horizonte, tentando adivinhar o futuro, maravilhado com o que via.
O Tempo há de ser perguntado porque guardou para sempre na invisibilidade dos seus aposentos a memória de tudo o que existiu e há de responder com um leve sorriso:
– Por dever. Pela obrigação de ser Tempo. Para recordar ao outrora infante, que aqueles entes e aquele lugar continuam com ele até que ele próprio se torne memória e dele serão para lá desse epílogo. Para o recordar que lhes deve a sua generosidade e o seu afeto.
E o Tempo diz-se eterno, longo, severo e, no entanto, contraditoriamente curto.
“Today Is A Long Time” é “…um poético relato de imortalidade e humanidade… Um secreto murmúrio partilhado, sobre as múltiplas formas como a morte nos toca e esculpe.” *
Um divida saldada, um obrigado sentido. Um revisitar do lugar das memórias que ajudaram a construir o infante e a encontrar na ruína física aquilo que permanece, o que o Tempo, muito tempo, construiu.
As imagens são apenas lembrança, o que escondem é o que existe.»

*do texto introdutório de Susana Paiva

sonhando versos e sorrindo em itálico

sonhando versos e sorrindo em itálico

[PT]
O regresso regular às paisagens da infância é memória e contemplação. Percorrer distâncias apenas para alijar a carga das fórmulas da vivência citadina, vestida a preceito e organizada no caos da hipocrisia das narrativas infalivelmente corretas.
É uma transitória e triunfante liberdade de devaneio errático, imaginando e esquecendo as coisas que ficaram para trás e que deixei com desapego. Regresso para rever a cópia restaurada de um filme estreado há décadas, povoado de imagens que há muito se fixaram na memória.
Observando o tempo, sonho os versos em película e, nos breves instantes que a luz me concede, imortalizo o princípio daquela vida e permaneço indolente: “sonhando versos e sorrindo em itálico” como no poema de Álvaro de Campos.

 

[EN]
“dreaming verses and smiling in italics”
The systematic return to childhood landscapes is memory and contemplation. To go through distances just to shed the burden of the formulas of city living, properly dressed and organized in the chaos of its hypocritical and infallibly correct narratives.
It’s a triumphant and transitory liberty of erratic wandering, imagining and forgetting things left behind, that I detachedly abandoned.
I come back to rewatch a restored copy of a film that premiered decades ago, populated with images that are long rooted in the memory.
Observing time, I dream the verses on film and, within the brief moments that light concedes me, I immortalize the principle of that living, and I keep indolent: “dreaming verses and smiling in italics”, as in the poem by Álvaro de Campos.

©2017

 

Hope

HOPE

[PT]
“HOPE” é uma narrativa centrada na viagem de uma rapariga que, apesar de tudo o que vê tem ainda esperança na humanidade. Uma humanidade que se aniquila, mas também que se reinventa, num mundo que constrói, destrói e reconstrói a todo o momento. Sentimento contraditório de quem não se sente seguro na incerteza do mundo em que vive, considerando a história da própria humanidade aparentemente destinada a repetir-se indefinidamente.
Fotografado em Berlim, Sachsenhausen e Lisboa em filme de 35mm.

[EN] (loose & fast translation)
“HOPE” is a narrative centered on the journey of a girl who, despite everything she sees, still has hope in humanity. A humanity that annihilates itself, but also reinvents itself, in a world that it builds, destroys and rebuilds all the time. A contradictory feeling of those who do not feel secure in the uncertainty of the world in which they live, considering the history of humanity itself, destined to repeat itself indefinitely.
Photographed in Berlin, Sachsenhausen and Lisbon in 35mm film.

 

©2017