A Alegoria do Inferno

Alegoria do Inferno pode muito bem constituir um ensaio de resgate espiritual do autor aos monstros e mafarricos preestabelecidos pela doutrina cristã e a uma fugaz (?) libertação da sua condenação eterna à existência num ambiente hostil às suas crenças e convicções. Aqui, a ilação moral caraterística da alegoria, o dizer o outro, é trocada pela estética do olhar, que consente a coexistência de duas realidades dissonantes: o Céu e o Inferno, ambos produto de uma existência humana alicerçada na crença da existência de um Deus, que o autor agnosticamente não admite. Ao espectador é abandonada a leitura ambígua e plurissignificante da poética das imagens, que representam tudo o que o Inferno cristão tem para oferecer.

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